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Sob efeito do El Niño, ocorrência de raios cresce 90,5% na região

Grupo de Eletricidade Atmosférica alerta sobre riscos de acidentes no verão, época que estará sujeita a fenômeno climático ‘muito forte’

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
26/11/2015 | 07:00
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Pesquisa inédita do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), prevê aumento de 20% na ocorrência de tempestades em relação ao último verão na região Sudeste. O motivo é a ocorrência do El Niño, que amplia também os riscos de acidentes e mortes por raios.

Dados da BrasilDAT (Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas) do último trimestre – agosto, setembro e outubro –, já sob o fenômeno climático, mostram seu efeito. No Grande ABC, foram registradas 905 descargas elétricas atingindo o solo, contra 475 no mesmo período de 2014, aumento de 90,5%. Em todo o Sudeste foram 480 mil raios nos três últimos meses, contra 310 mil na mesma época do ano passado, crescimento de 52%.

O professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do Cendat (Centro de Estudos em Descargas Atmosféricas e Alta-Tensão), Alexandre Piantini, ressalta que a Grande São Paulo tem condições favoráveis para a incidência de descargas elétricas, como o asfalto, muitas construções, o calor gerado pelos automóveis e poucas áreas verdes. Esses pontos facilitam a formação das chamadas ‘ilhas de calor’. “Elas fazem com que as correntes de ar ascendentes sejam mais fortes e mais intensas, o que aumenta a quantidade de raios.”

O Elat avalia a alta das descargas elétricas como preocupante, pois parece indicar que não só a ocorrência de tempestades como a intensidade delas aumentam em decorrência do El Niño. Por isso, a importância de alertar sobre os cuidados que devem ser tomados nessas ocasiões, até mesmo em casa. “Os acidentes podem acontecer tanto dentro (de um imóvel) quanto fora. No interior é indicado se afastar de janelas e não tocar em eletrodomésticos ligados à rede elétrica, pois pode acontecer de o raio cair no prédio ou na casa e essa rede condutora levá-lo para o interior do espaço”, pontua Piantini.

O banho também entra nessa questão e deve ser evitado. “Se o raio cair na casa, ele sempre vai procurar o caminho mais fácil para chegar na terra. O encanamento de chuveiro geralmente é feito de cobre e uma parte da corrente elétrica vai fluir até esse cano”, salienta. “Deve-se evitar também usar telefone convencional. Pode utilizar o sem fio ou celular, desde que não estejam sendo carregados”, acrescenta.

O Estado de São Paulo é o primeiro no número de mortes por raios. Entre 2000 e 2014, foram 288 casos fatais.

EL NIÑO

O El Niño é causado pelo superaquecimento das águas do Pacífico equatorial. O atual deve ser o terceiro mais forte desde 1950, depois dos que ocorreram em 1983 e 1998.
 




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