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Grande ABC fecha 5.721 postos de trabalho em junho

Número é quase o dobro do saldo de demissões registradas nos primeiros seis meses de 2014

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
18/07/2015 | 07:12
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Anderson Silva 18/6/15


Apenas em junho, 5.721 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no Grande ABC, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), levantamento divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O número para o mês é quase o dobro do que foi registrado em todo o primeiro semestre do ano passado na região, quando 2.927 vagas foram eliminadas nas sete cidades.

Nos seis primeiros meses de 2013, o saldo (diferença entre admissões e demissões) do Grande ABC foi positivo, em 8.679. Já no acumulado deste ano, 18.171 postos de trabalho formais foram fechados. Em 12 meses, são 27.596 desempregados. Para se ter uma ideia da magnitude desse número, é como se as unidades da Ford, da Mercedes-Benz e da General Motors na região fossem desativadas ao longo desse tempo.

O ritmo do desemprego nas sete cidades vem aumentando: em junho de 2013, 599 postos de trabalho foram eliminados, número que aumentou para 1.943 no mesmo período de 2014 e chegou aos atuais 5.721.

Tanto no acumulado deste ano, quanto no dos últimos 12 meses, a indústria foi o setor que mais demitiu. Foram 10,3 mil no semestre (o equivalente a 56,9% do total) e 17,6 mil desde julho de 2014, o que representa 64,1% das vagas fechadas no período. A cidade que mais foi atingida foi São Bernardo.

Entretanto, em junho, o segmento que mais cortou trabalhadores foi o de serviços, com 2.875 dispensas. A indústria ficou pouco atrás, com 2.871. Para o professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, o dado é alarmante, pois mostra que a turbulência, que atingia principalmente o setor produtivo, já está provocando reflexos em outras áreas.

“O que chama atenção, embora a indústria puxe a fila, é quando a gente olha para os dados do comércio (-433). Quando a crise vai se agravando, esse setor sente mais, pois com o aumento no desemprego e a queda na massa salarial, o consumidor compra menos”, explica o economista.

No caso dos serviços, há duas explicações para a queda na atividade. A primeira diz respeito aos chamados serviços industriais, como logística e manutenção técnica, que têm o faturamento reduzido conforme a indústria possui menos demanda. “Outro fator são os cortes nos serviços que a pessoa pode deixar de consumir, como cabeleireiro e até uma faculdade, pois dão preferência a gastos mais essenciais, como alimentação e Saúde”, acrescenta o professor Leandro Prearo, coordenador do Inpes (Instituto de Pesquisas), da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Prearo estima que, para os próximos meses, a tendência é de que os indicadores de desemprego piorem ainda mais. “O governo está de mãos atadas, não tem feito e não deve fazer nada no próximo semestre que alavanque a economia.” Ele cita que a equipe da presidente Dilma Rousseff (PT) deveria concentrar esforços em reduzir gastos institucionais, e não apenas em cortar investimentos e elevar impostos e taxas de juros. “É a única saída para baixar a inflação e obter alguma retomada mínima do crescimento.”

Também é preocupante, salienta o especialista, o clima de insegurança entre os consumidores brasileiros. “Mesmo quem está empregado evita fazer grandes compras ou entrar em um financiamento.”
 




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