A campanha de rua norteará a corrida eleitoral de 2012 em Santo André, que deverá ficar restrita ao carisma dos protagonistas: o prefeito Aidan Ravin (PTB) e o deputado estadual Carlos Grana (PT). Para formadores de opinião, o corpo a corpo será um dos fatores preponderantes para referendar o processo. Isso porque na raia governista, a administração encontra dificuldade para ‘decolar', enquanto o petista é novidade no campo majoritário.

Para o especialista em Marketing Político e professor da Universidade Metodista, Kleber Carrilho, embora Santo André tenha expressão nacional, suas eleições possuem características de interior, o que prioriza o contato direto com o eleitor. "Não tem TV aberta, nem rádio forte. Com isso, predomina o corpo a corpo. O duelo se dá nas ruas."

Carrilho projetou que, apesar de perfis diferentes, o carisma latente de ambos será aflorado durante as caminhadas. O professor cita, por exemplo, que o PT lançou Grana para contrapor esta qualidade de Aidan. "O prefeito é uma pessoa carinhosa. Fala bem em público, mesmo não tendo sua base na rua. O PT foi cuidadoso na escolha, pensou neste lado, que o Vanderlei Siraque (candidato derrotado em 2008) tinha rejeição."

As candidaturas do PTB e PT tendem a polarizar a eleição devido à retaguarda das máquinas municipal e federal, respectivamente. Representantes de setores significativos da sociedade conjecturam que o petebista visa mostrar folha de serviços prestados à população. O deputado, por sua vez, testado uma única vez nas urnas e com pouco tempo de mandato na Assembleia, vai basear os discursos em possíveis investimentos da União e na forma de governo petista.

O professor analisou que a hegemonia entre PTB e PT - que se alternam no poder há 30 anos -, contudo, é falsa. "Qualquer pesquisa demonstra que não há identificação com o PTB. O partido está aí por acaso. O PT, sim, tem eleitorado fidelizado desde a primeira eleição do Celso Daniel, em 1982", avaliou. Chefes do Executivo petebistas no período, Newton Brandão passou pelo PSDB e Aidan se elegeu vereador pelo PDT e depois ingressou no PPS.

Comparações - O presidente da OAB de Santo André, Fábio Picarelli, alegou que seria injustiça dizer que não houve modificações na cidade em áreas como Saúde, Educação e Cultura após o ingresso de Aidan na Prefeitura. Segundo o advogado, o prefeito está apostando suas fichas na dedicação. "Não sei se a população, de fato, sentiu diferença, mas houve tentativa. Resta saber se será aprovado."

Médico ginecologista de carreira da Prefeitura e com reduto eleitoral na Vila Luzita, Aidan, em 2008, pelo voto anti-petista, adquiriu o eleitorado saturado com o PT, que estava há 12 anos consecutivos no poder. "Agregou formadores de opinião e alavancou a classe média", lembrou Picarelli.

Para o mandatário da OAB, Grana vem com viés popular, de trabalho na base, mostrando carisma. "É uma liderança, oriunda da comunidade, que goza de prestígio. Tem boa interlocução, é bem sucedido no âmbito federal", afirmou. "Não vejo risco de o PT lançá-lo, mesmo com falta de teste majoritário. Pode ser considerado até como vantagem, pois, por ser novidade eleitoral, não tem mácula, nenhum ato que o desabone. E quando se fala em PT vem estrutura, não é uma pessoa isolada."

Ligado ao movimento sindical e proveniente da região da Vila Palmares, Grana, que passou pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, CUT-SP e Confederação Nacional dos Metalúrgicos, conseguiu consenso interno no PT, evitando prévia, com apoio de lideranças estaduais e nacionais, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .

O presidente da Acisa, Sidnei Muneratti, avaliou que a eleição promete ser marco, sem diagnóstico, sendo Aidan referência de surpresa. Segundo ele, o petebista tenta acertar, fazendo exercício fora do petismo, e o deputado, como ainda não mostrou trabalho de gestor público, se apegará no modelo de governo do PT.

"O Aidan está no momento oportuno, de mostrar suas realizações. Já o Grana é um sindicalista inteligente, engajado na política desde jovem, e vai contar com equipe forte."

Sete pré-candidatos ao Paço ainda mantêm postura

Se a eleição fosse hoje, as urnas de Santo André conteriam sete postulantes à Prefeitura. Além de Aidan Ravin e Carlos Grana, o vereador Paulinho Serra (PSDB), o ex-prefeiturável Raimundo Salles (PDT), o sobrinho de Celso Daniel, Rafael Daniel, (PMN), o bisneto do senador José Luiz Fláquer, Alexandre Fláquer (PRTB), e o ex-superintendente da Infraero Edgard Brandão Júnior (PSC) entrariam no páreo.

As candidaturas, porém, passam por processo interno de viabilidade eleitoral e articulação de formação de alianças. É possível que alguns dos nomes fiquem pelo caminho, uma vez que, em média, o pleito conta com cinco postulantes. As intervenções de instâncias superiores são as razões primordiais para declinação.

Para assegurar candidatura, Paulinho Serra realiza peregrinação pelo Estado para angariar capilaridade política. Os tucanos locais aguardam que, para engrossar o coro, é preciso alcançar de 12% a 15% das intenções de voto até o fim de abril. Desde a fundação, em 1988, o PSDB sempre lançou postulante ao Paço.

Salles, que foi o primeiro a anunciar formação de chapa pura, ao lado do deputado estadual José Bittencourt, teve a primeira baixa. O parlamentar deixou o PDT para migrar ao PSD e ser o coordenador regional da nova sigla.