Política Titulo R$ 1,95 milhão
União já depositou R$ 1,95 mi a UPA que não existe em Diadema

Unidade do bairro Piraporinha está licitada desde
2012; Lauro tenta mudar endereço do equipamento

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
27/04/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O governo federal informou que já depositou R$ 1,95 milhão nos cofres da Prefeitura de Diadema para execução da construção da UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) no bairro Piraporinha, equipamento esse que nunca existiu. No terreno destinado à UPA hoje funciona estacionamento do Hospital Municipal de Piraporinha.

A administração de Lauro Michels (PV) não informou se o dinheiro está separado ou se foi utilizado para outra finalidade. A única afirmação foi a de que houve pedido formal ao Ministério da Saúde para mudança de local da instalação da UPA, do Piraporinha para o Centro. Essa transferência ainda segue em análise no governo federal, sem prazo para emissão de parecer.

A obra foi licitada em 2012 – ainda no governo de Mário Reali (PT) – e a empresa Ematec Engenharia e Sistemas de Manutenção foi vencedora do processo licitatório. O projeto teve custo inicial de R$ 2,6 milhões, sendo que a última parcela, de R$ 650 mil, só seria efetivada quando houvesse comprovação de conclusão do equipamento. A Ematec, em 2013, solicitou reajuste contratual, elevando os custos em R$ 4,4 milhões. O governo verde não levou o aditamento para frente.

Primeiros sinais de problemas com a obra foram vistos em 2013, quando Lauro assumiu o Paço. O terreno se transformou em depósito de entulho. Placas indicativas foram retiradas dias depois, confirmando que o canteiro não seria instalado.

Em nota ao Diário, o governo federal informou que a cidade tinha até setembro de 2014 para finalizar o projeto. “Como o prazo não foi cumprido, o município foi notificado pelo Ministério da Saúde”. Houve possibilidade de devolução do recurso já repassado, algo que não foi efetivado porque a Prefeitura de Diadema solicitou a mudança de endereço da UPA.

Entre o fim de 2013 e começo de 2014, Lauro viajou para Brasília para tentar destravar a construção da UPA. Inicialmente havia solicitado prorrogação do prazo, alegando problemas documentais da área. O prefeito justifica que a área é de propriedade do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e que somente com transferência documental seria possível dar andamento à edificação da unidade de Saúde. Tratativas foram feitas com Alexandre Padilha (PT), então ministro da Saúde, e com o Ministério da Previdência, porém o assunto não avançou.

A equipe do Diário voltou ao local na quinta-feira e constatou que o espaço se transformou em estacionamento. Não há placas indicativas das obras. O terreno escolhido por Reali é a Avenida Encarnação, em frente à subsede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade extremamente alinhada ao PT. Lauro vislumbra a UPA em uma área do Centro, na Rua Manoel da Nóbrega, próxima ao Shopping Praça da Moça – a região central da cidade é onde Lauro tem boa concentração de eleitores.

Por enquanto, Diadema segue com apenas uma UPA, instalada no Jardim Paineiras. A unidade, entretanto, não funciona 24 horas, como determina o Ministério da Saúde, devido à falta de médicos – quase 120 foram demitidos desde o início do governo Lauro por atrito com o secretário de Saúde, José Augusto da Silva Ramos (PSDB). Por isso, repasse de R$ 175 mil mensais para custeio da UPA Paineiras foi interrompido. 




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