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Pacientes com câncer têm apoio

Na Vila Dayse, em São Bernardo, a assistente social Débora Aleixo, 28 anos, é o primeiro amparo de pessoas atendidas por ONG da cidade

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
25/04/2015 | 07:00
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Nos momentos mais difíceis da vida, como o enfrentamento ao câncer, ter amparo é fundamental para prosseguir na luta. A assistente social Débora Aleixo, 28 anos, é o primeiro contato dos pacientes que buscam apoio na ONG Cenin (Centro Integrado de Assistência a Pessoas com Câncer), instalada há dois meses na Rua Augusto Frederico Schimidt, na Vila Dayse, em São Bernardo. A instituição sem fins lucrativos auxilia pessoas carentes em tratamento contra a doença e foi fundada há 11 anos na cidade de Santos. Lá são atendidas atualmente 2.000 pessoas, enquanto na unidade são-bernardense há 15 pacientes cadastrados no momento.

Débora iniciou o trabalho na entidade em março, mas a vocação para o serviço social vem de muito tempo. “Trabalhei como voluntária em ONG para deficientes visuais na Capital. Era recepcionista, ia todo sábado e tive contato com um assistente social que fazia acompanhamento das pessoas que eram encaminhadas para oportunidades de emprego. Me encantei pelo trabalho, estava na época de prestar vestibular e optei pela área”, lembra.

Ao chegar ao Cenin, o paciente oncológico relata à profissional um pouco de sua história e situação socioeconômica para que a ONG possa ajudar da melhor forma possível. O espaço fornece auxílio com alimentação por meio da doação de cestas básicas e refeições no local, medicamentos, além de empréstimos de equipamentos, como cadeira de rodas, inalador e cadeira de banho. Os assistidos também contam com fisioterapia, psicologia, odontologia, nutrição e assistência jurídica.

“Meu trabalho é prestar apoio e atuar com a equipe multiprofissional de Saúde em atendimento humanizado e de qualidade”, salienta Débora. “Temos outras atividades que não focam só a questão da saúde, como festinhas, Dia de Beleza para levantar a autoestima das mulheres, oficinas de artesanato para se integrarem e discutirem outras coisas que não só a doença”, completou.

O contato inicial do paciente com a jovem é quase sempre uma situação delicada. “No primeiro atendimento, muitas vezes o paciente chega aqui chorando, sem perspectivas, então, tento da melhor forma passar informações e um pouco de otimismo também, ouvindo-o com bastante atenção e carinho. Toda a equipe se coloca à disposição para que ele saia dessa história triste e encare a doença.”

A ONG está de portas abertas de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e todos esses dias Débora ouve as mais variadas angústias. “Uma senhora, com câncer na região da carótida ,contou que foi bastante maltratada por profissionais de Saúde e, por isso, não faz mais nenhum acompanhamento médico. O câncer se alastrou para a pele e estou fazendo um trabalho para que ela volte a frequentar o oncologista”, contou. “Uma outra mulher havia retirado a mama e chegou aqui muito debilitada. Ela não tinha apoio de familiares. A situação me impactou muito.”

Apesar do peso das histórias, Débora afirmou que os casos contribuem para sua bagagem de vida. “Esse trabalho me traz, pessoalmente, a valorização da vida e, profissionalmente, vontade de cada vez mais conseguir ajudar as pessoas de alguma forma.”

 

Prestativa voluntária atua em farmácia

Moradora da Vila Dayse há 45 anos, Zenilda da Silva de Mello, 76, é figura conhecida do bairro. Desde novembro de 1998 atua como voluntária na farmácia da Igreja Nossa Senhora de Fátima, que oferece remédios gratuitamente para pessoas que não têm condições de comprar. “Os medicamentos vêm de doações. Tem para pressão alta, diabetes, vitaminas. Às vezes temos anticoncepcional também. Fazemos uma ficha, a pessoa traz a receita e pega o que precisa”, contou. “Quando alguém procura por remédio que não tem, fico com dó quando sai sem aquilo que necessita”, completou a senhora, que divide o espaço com duas ajudantes.

Zenilda é carioca de Macaé. O marido – morto há três anos – comprou um terreno em São Bernardo para poder ficar mais próximo da mãe, que morava no interior de São Paulo.

Em 1973, Zenilda fez um curso, com duração de nove meses, de atendente de enfermagem. “Mas não trabalhei porque meu marido, que era militar da Força Aérea, achou que não precisava, pois ganhava bem e eu deveria cuidar do lar e dos três filhos”, lembrou.

Frequentadora da paróquia, o padre soube que ela tinha formação e a convidou para participar da Pastoral da Saúde. “Quando surgiu a oportunidade, falei para o meu marido que era perto de casa, não iria todo dia e ele concordou.” A farmácia funciona às quartas e sextas, das 9h às 11h.

Se nem sempre há disponibilidade do medicamento que o paciente procura, a atenção dispensada é de grande valia. “A gente ouve os problemas, conversa, pois a pessoa precisa de atenção. Gosto muito de fazer o serviço”. Para Zenilda, o trabalho é o principal motivo de sua vida saudável. “O melhor remédio é fazer bem ao próximo.”

 

Bairro abriga ‘creche’ da terceira idade

Quem tem familiar idoso, que requer cuidados especiais, sabe como é difícil encontrar alguém de confiança ou lugar seguro para deixá-lo enquanto está no trabalho. Foi diante dessa dificuldade que a neurofonoaudióloga Kátia Cilene Policiano, 38 anos, teve a ideia de abrir uma ‘creche’ para idosos.

No chamado Espaço Viver Bem, localizado na Rua Vicente de Carvalho, as pessoas da terceira idade passam o dia e retornam para suas casas no início da noite.

“A ideia surgiu de uma necessidade própria. Quando minha mãe tinha 52 anos (atualmente ela tem 63), sofreu dois AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) e ficou dependente em algumas coisas. Procurei alguém para cuidar dela, pois trabalhava e fazia pós-graduação, e não encontrei”, relembrou. “O único lugar que achei era um centro-dia da Prefeitura, mas tinha uma lista de espera absurda, com 60 pessoas. Assim, vi que faltava lugar desse tipo na região.”

Junto com uma amiga formada em Enfermagem, Kátia idealizou o projeto, que não foi tão fácil de sair do papel. “Não tinha um centavo para começar, mas fomos batalhando e, depois de sete anos, conseguimos concretizar.”

O equipamento começou a funcionar em agosto e, atualmente, atende dez pessoas.

No local, aberto diariamente das 7h às 19h, é oferecido atendimento psicológico, terapia ocupacional, fisioterapia, oficinas de artesanato, além de atividades envolvendo jogos, música e vídeo. Período de dez horas de estadia custa R$ 80. Pacote mensal sai por até R$ 1.500.

Kátia ressalta a necessidade da criação de mais estabelecimentos do gênero. “Essa é a necessidade do Brasil, o País está idoso e as pessoas da terceira idade precisam ter o seu espaço.”




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