Setecidades Titulo Paralisação
Greve na merenda afeta alunos

Em S. Bernardo, paralisação de merendeiras da
empresa ERJ fez 1.430 crianças serem dispensadas

Nelson Donato
Vanessa de Oliveira
03/04/2015 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC



Cozinheiras e auxiliares de cozinha da empresa ERJ, responsável pelas merendeiras que prestam serviços à rede de ensino de São Bernardo, paralisaram ontem as atividades, deixando 1.430 crianças, com idade entre 0 e 3 anos, sem merenda. Por conta da situação, os alunos foram dispensados.

A categoria reclama do atraso no pagamento dos salários e planos de saúde referentes ao mês de março. O entrave tende a se estender na próxima semana.

Por volta das 10h, os funcionários se reuniram em frente a Secretaria Municipal de Educação para levar as reivindicações. A auxiliar de cozinha Soraia Zanollo, 40 anos, afirmou estar cansada do transtorno causado pela companhia que, segundo ela, acontece todo mês. “Desde quando comecei neste trabalho, no segundo semestre de 2014, meu pagamento nunca cai no dia combinado. E agora, na Páscoa? Não tenho o dinheiro que suei para ganhar para dar um ovo aos meus filhos”, lamentou.

Companheira de trabalho de Soraia, Roseni Gomes, 45, contou que já foi barrada em um hospital que atende o seu convênio médico. “Não pude ser atendida, pois o pagamento não constava no sistema. É uma situação constrangedora que revolta”.

A dispensa das crianças devido ao fato gerou agitação em muitos pais. “Deixei minhas filhas na escola e logo ligaram pedindo para que eu fosse buscá-las. E se eu não tivesse como fazer isso?”, indagou a dona de casa Cátia Cilene da Silva, 46, mãe de alunas que estudam no CEU ( Centro de Artes e Esportes Unificados) Regina Rocco. Ela reclamou ainda da falta de ação da prefeitura. “Não sei como deixam a situação chegar a esse ponto”.

A neta da costureira Maria de Fátima Lima, 60, que estuda no mesmo local, foi dispensada por volta do meio-dia. “Eles afirmaram que a merenda não seria oferecida. Para ela, que estuda em período integral, fica mais difícil ainda.”

De acordo com o presidente do Seerc ABC (Sindicato dos Empregados nas Empresas de Refeições Coletivas e Merenda Escolar de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires), Genivaldo Barbosa da Silva, a paralisação deve continuar. “A empresa fez um depósito vinculado, o que para nós não significa nada, pois o dinheiro ainda está retido”, explicou Silva.

O dirigente da entidade informou que 480 funcionários da categoria aderiram à greve. “A classe está unida na luta pelos direitos e na segunda-feira faremos outro protesto”, declarou.

Procurada, a Prefeitura de São Bernardo alegou que está em dia com o pagamento à empresa ERJ e salientou que a Secretaria de Educação notificou a contratada e está acionando a Justiça para que a mesma cumpra suas obrigações trabalhistas. Representantes da ERJ não foram localizados pela reportagem.

Alunos enfrentam outro problema com o corte de refeição na rede

As reivindicações dos prestadores de serviço voltado à alimentação nas escolas municipais de São Bernado não são o único problema que envolve a questão da merenda na cidade.

No início de fevereiro, pouco mais de 80 mil crianças da pré-escola e Ensino Fundamental de São Bernardo, cuja idade varia entre cinco e 10 anos, tiveram corte de parte de suas refeições, medida imposta pela prefeitura.

Aos alunos que estudam no período matutino foi reduzido o café da manhã, sendo mantido o lanche do intervalo. E para os que iniciam atividade escolar no período vespertino, o almoço deixou de ser servido. Apenas o lanche no intervalo das aulas continuará a ser repassado aos estudantes. 




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