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Informalidade impulsiona boleiras do Grande ABC
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
28/09/2008 | 07:16
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Três xícaras de farinha de trigo, duas medidas de açúcar, chocolate ralado. Para muitas pessoas este pode ser o início de uma receita de bolo, mas para as boleiras do Grande ABC esta é a receita do sucesso.

Na região, não é difícil encontrar profissionais que façam bolos caseiros, todas no mercado informal. Isto porque a carga tributária da formalidade - que chega a 32% - não possibilitaria a atividade com a margem de lucro desejada. Com isso, a maioria destas trabalhadoras teme se identificar, por causa da fiscalização.

Há muitas histórias de sucesso na profissão. "Há 29 anos eu faço bolos. Criei minhas duas filhas, que se formaram na faculdade, com o dinheiro que recebi das vendas", diz a confeiteira Olga Gallet, moradora de Santo André.

Entre uma encomenda e outra, Olga conseguiu comprar um apartamento no litoral. "Tudo começou por acaso, meu marido trabalhava em uma pizzaria e um dia propôs que eu fizesse bolos para uma festa que aconteceria lá. Errei várias receitas, até que saiu meu primeiro bolo. Nunca mais fiquei um só dia sem confeitar", conta orgulhosa.

Agora, o marido de Olga, Angelo Afonso, está aposentado e faz parte da equipe de produção. "Ele é meu assistente, me ajuda em tudo. Passamos a maior parte do nosso tempo na cozinha", conta.

Em cada bolo produzido, Olga fatura cerca de 37,5% sobre o valor gasto com a produção. "É neste valor que incluo minhas despesas como água, luz, gás e telefone", explica.

Assim como Olga, inúmeras boleiras utilizam a renda obtida com a venda de seus produtos como fonte de sustento. Sirlene do Carmo Mendonça faz bolos há 17 anos. "O mercado já foi mais aquecido. Hoje, o número de encomendas diminuiu porque tem muita gente fazendo o mesmo trabalho", explica.

Mas, mesmo com a queda, Sirlene usa o dinheiro para complementar a renda da família. "No final do ano a procura aumenta muito, pois há as festas de empresa", diz.

O lucro de Sirlene fica perto dos 40%, mas a situação é parecida com a de Olga. "Preciso usar este dinheiro para pagar as despesas que tenho para fazer as encomendas", conta.




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