Há duas semanas os três Caps (Centros de Atenção Psicossocial) de Mauá deixaram de receber a alimentação que é fornecida aos pacientes. As unidades atendem ao público adulto (Vila Ana Maria), dependentes químicos (Vila Guarani) e crianças (Centro).

A denúncia foi feita por familiares de pacientes e confirmada por funcionários. Os usuários que passam por tratamento nos hospitais-dia são dispensados e vão à unidade apenas para retirar medicações.

Ontem à tarde, no Caps Adulto, onde são tratados transtornos psíquicos, apenas o ambulatório psiquiátrico funcionava com consultas marcadas. O pátio onde diariamente cerca de 70 pessoas são atendidas e participam de oficinas terapêuticas estava vazio.

No período das 8h às 15h, os pacientes tomam café, almoçam, são medicados, integram as atividades de inclusão social e, ao final, retornam para casa. Alguns têm recomendação para utilizar o serviço diariamente e outros vão em dias alternados, conforme o diagnóstico. Os que dependem do serviço têm quadros de esquizofrenia, depressão, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), psicose, entre outros. "Há duas semanas estamos de braços cruzados. Não fazemos nada das 8h às 17h. A recomendação é para dispensarmos a medicação por uma semana aos pacientes e esperarmos" disse um dos funcionários.

No local trabalham psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares, além da equipe responsável pela limpeza. Ao todo, são cerca de 30 colaboradores.

A Prefeitura de Mauá não informou qual empresa fornecia as refeições e negou denúncia feita por familiares e servidores de que o fornecimento teria sido interrompido por falta de pagamento.

De acordo com o pai de um paciente, que preferiu não se identificar, o problema no Caps é reincidente. Ele leva o filho regularmente à consulta com psiquiatra. "Há cerca de um mês ouvi o mesmo boato. Parece que fizeram contrato de emergência com outro fornecedor e depois cancelaram de novo. É um absurdo."

Prefeitura atribui paralisação à troca de fornecedor

A Secretaria de Saúde de Mauá informou ontem que realiza a troca da empresa fornecedora de produtos alimentares para os três Caps (Centros de Atenção Psicossocial) do município. A previsão é que a situação se normalize até quinta-feira, prazo para que sejam finalizados o processo licitatório e a formalização contratual.

A Prefeitura informou que a interrupção foi feita no dia 6, quando a empresa anterior finalizou o contrato firmado em caráter emergencial com a administração municipal. O motivo é que não houve empresas interessadas em prestar o serviço.

A Pasta salientou que a rede de Saúde mental do município segue em processo de reformulação desde 2009, com ampliação do quatro de médicos nas unidades e do horário de funcionamento.