Internacional Titulo
Anfetaminas trazem problemas para Birmânia e Tailândia
Do Diário do Grande ABC
21/01/2000 | 12:00
Compartilhar notícia


De elaboraçao mais barata que a heroína e fonte de enormes lucros, as anfetaminas se converteram na principal praga do Triângulo de Ouro, nos confins de Birmânia e Tailândia.

Por trás da produçao das pequenas pílulas vermelhas que inundam a Tailândia, perfila-se a sombra do ``Exército Unido do Estado Wa' (USWA), poderosa milícia étnica aliada à junta militar birmanesa.

A junta e o Exército Wa começaram recentemente a transferir cerca de 50 mil habitantes das zonas fronteiriças distantes, onde a ampola é cultivada, afirmando que o fazem precisamente porque estao decididos a erradicar a produçao de heroína do Triângulo de Ouro.

Na realidade, segundo as autoridades tailandesas, o USWA, que foi durante muitos anos um dos principais fornecedores de heroína ao Ocidente, diversificou sua produçao de droga e fabrica também anfetaminas em laboratórios disseminados ao longo da fronteira, com um custo menor que o da heroína.

Basta ir à cidade birmanesa de Sam Lom Joy, situada na zona fronteiriça com a Tailândia, para localizar uma área em que se encontram diariamente dezenas de viciados, em sua maioria tailandeses, alguns deles adolescentes.

Sake San Punlanna, um dos presentes, nao tem nenhuma dúvida sobre a procedência das anfetaminas: ``Vêm dos Wa e de algumas outras tribos das montanhas'.

Sake San inala por um cachimbo de bambu a fumaça de uma placa de matanfetamina aquecida em uma chapa de alumínio. Esta droga é chamada aqui de ``Ya Ba' (literalmente: ``Fique Louco').

Cada placa custa somente 20 bahts, ou seja, meio dólar, cinco vezes menos que uma seringa de heroína.

As anfetaminas fazem estragos em toda Tailândia. Droga dos pobres, motoristas de táxi e caminhoneiros a consomem para manter-se acordados, mas também é vendida nas discotecas e até em algumas escolas secundárias de Bangcoc.

Cerca de 600 mil jovens tailandeses sao viciados em ``Ya Ba', estimam os especialistas. As apreensoes se contam agora em milhoes de placas que entram pelos 2 mil km de fronteira com a Birmânia, assinalam as autoridades.

O WSA desmente estar implicado no tráfico de anfetaminas e afirma que espera erradicar até 2005 o cultivo da ampola nas zonas sob seu controle, dando a entender porém que esse objetivo dependerá da ajuda da comunidade internacional.

Os tailandeses sao descrentes, ainda mais quando assinalam que a luta contra os traficantes de ópio e heroína é história antiga. ``Hoje o tráfico principal sao as anfetaminas', afirma o coronel Panurat Meepien, chefe da polícia de Chiang Rai, cidade tailandesa situada na fronteira do território Wa. ``Sabemos onde estao os laboratórios, mas nao podemos intervir porque é território birmanês', acrescenta seu adjunto, o capitao Raewat Yuentum.

O problema da droga na Birmânia está ligado à questao da uniao nacional, sumamente frágil desde a independência (1948), já que as drogas sao produzidas essencialmente nos antigos Estados rebeldes, incorporados ao país recentemente e quase autônomos.

Os adversários da junta militar birmanesa a acusam de, em troca da paz, fechar os olhos para a produçao e o tráfico nas regioes fronteiriças montanhosas e isoladas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;