Diarinho Titulo Comportamento
Por que existem regras?

As normas parecem coisa de adulto, mas
é saudável aprendê-las desde a infância

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
30/03/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Não bater nos colegas, guardar os brinquedos, não pular na cama nem jogar lixo no chão. Essas são apenas algumas das regras que precisamos seguir dentro e fora de casa.

Mas por que existem? A resposta, na opinião de Gabriel Henrique Santos de Oliveira, 4 anos, é simples. “Para não levar bronca da minha mãe e da professora”, diz o aluno do Colégio Estímulo, de Santo André.

Na realidade, a importância em seguir as regras está ligada à boa convivência em sociedade. “Imagine se todo mundo fizer o que quer. Aqui na escola iria ser uma bagunça. A gente não conseguiria ver aonde estão as coisas, os brinquedos”, afirma Lucas Barbosa Marques Aguado, 10, da Emef Leandro Klein, de São Caetano.

Para manter a ordem na escola, Lucas e os amigos devem colocar os objetos em seus devidos lugares após usar a brinquedoteca.

A relação do que podemos ou não fazer é grande e varia de um lugar para o outro. Aliás, as regras estão por todas as partes: em casa, na sala de aula, parques, ruas, restaurantes, shoppings e até nas brincadeiras. E a verdade é que quanto mais o tempo passa, mas fácil fica obedecê-las.

O hábito de fazer as coisas certas diariamente ajuda a gente a se relacionar com as pessoas. “Sei que tenho de ficar quieto na sala para não atrapalhar a professora e os amigos. Depois, sempre dá tempo para brincar e conversar”, garante Henrique Gomez Pires, 9, de São Caetano.

Dividir os brinquedos com os colegas certamente é mais legal do que ficar sozinho, segundo Gustavo Henrico Teixeira Silva, 5, de Santo André.

E quando jogar bola dentro de casa é proibido, a saída é arrumar outro jeito de se divertir. “Para não me machucar com a bola ou para não quebrar as coisas em casa, pego meus carrinhos. Adoro brincar com eles”, conta o andreense Thales Santos Urzelin, 5.


Nota na agenda escolar estimula a organização e disciplina em sala

A hora de sair da escola para ir para casa gera expectativa em Gustavo Ferrari Rosseti, 3 anos, e Eduarda de Oliveira Marques, 3. Isso porque, na agenda escolar, são feitas anotações de como foi o dia de cada aluno. Além disso, as professoras anotam um número, que é a nota do comportamento que tiveram.

“Se pego todos os livros de uma só vez na sala e não deixo que os amigos vejam comigo ou não espero minha vez, sei que a professora vai escrever número ruim para mim. Daí, minha mãe não gosta”, explica Gustavo, do Colégio Estímulo, em Santo André.

Eduarda também fica atenta e diz que gosta de ganhar sempre nota boa na agenda. “Não posso jogar lixo no chão nem fazer birra. Se minha mãe fica sabendo, vou para o cantinho do pensamento.” Como a menina não gosta de ficar sem brincar, conta que sempre obedece. “Se faço coisas erradas, fico triste.”

A nota um, sinal de bom comportamento, traz surpresas para Gustavo, que garante ser bonzinho. “No fim do ano, ganho presente que escolho.”


Ajudar irmão mais novo incentiva o cumprimento das regras

Ensinar o irmão mais novo é o exercício diário de Lara Martins Yonamine, 4 anos. Dessa forma, fica mais fácil cumprir as regras que há na escola e em casa. “Na hora do almoço e de tomar banho minha mãe fala uma vez só, e já obedeço. Por isso, ensino meu irmão Vitor”, conta a aluna do Colégio Estímulo, de Santo André.

Segundo a menina, é preciso ficar de olho no irmão para que não brinque na escada da casa. “Ele pode cair, se machucar e precisar ir para o hospital. Por isso, minha mãe não deixa. O Vitor já até caiu de lá. Então, falo para ele sair da escada.”

Não levar brinquedo para a cozinha é outra regra a ser respeitada na casa de Lara. “Depois de brincar, arrumo tudo e, na hora de dormir, fico no meu quarto com meu irmão. O quarto da mamãe é dela”, afirma a menina, que não pede para tirar a soneca com os pais.

Yasmin Amaral Leite, 5, de Santo André, já ensina para a irmã, de 2 anos, que não pode bater nos outros e que é preciso ficar quieta na hora das refeições. “Explico para ela o que pode e o que não pode. Ficamos comportadas para comer.”


Ter limite desde a infância é importante

Desde que nascemos, precisamos respeitar regras que são impostas pelos adultos. E, por mais incrível que possa parecer, elas nos fazem sentir seguros.

Algumas normas aprendemos sem perceber, à medida que crescemos. É o caso de escovar os dentes, tomar banho, colocar agasalhos em dias gelados e comer alimentos saudáveis.

A função dos adultos é controlar nossos impulsos (vontades que surgem de repente) e ensinar o que é legal fazer para viver bem em sociedade e também o que pode prejudicar esse convívio.

Machucar ou brigar com o colega, ser mal-educado, gritar com os mais velhos não são atitudes corretas, seja qual for a idade. Essas regras devem ser seguidas por toda a vida.

Na escola, por exemplo, as regras são mais que importantes. Tudo depende das normas para funcionar direito: os jogos, as brincadeiras, as lições na sala de aula e até o recreio.
É bacana saber que, por volta dos 12 anos, já é possível conversar com os adultos sobre as regras da família e adequá-las a nossa personalidade.


Consultoria de Sandreilane Cano, especialista e doutoranda em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP, e Célia Terra, psicanalista e professora de Psicanálise Infantil na PUC-SP.
 




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