Setecidades Titulo
Boatos geram fuga de inimigo invisível
Por Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
16/05/2006 | 08:30
Compartilhar notícia


Mais poderoso do que o arsenal empunhado pelos bandidos, que desde a noite de sexta-feira têm atacado dezenas de delegacias e bases da polícia no Estado de São Paulo, é o pânico generalizado que tomou conta da população. No início da tarde de segunda-feira, por volta das 15h, os mais diversos boatos correram como rastilho de pólvora. Em questão de minutos, o comércio baixou as portas e as pessoas corriam desesperadas para casa, na tentativa de se proteger de uma ameaça invisível, como se tivessem um alvo pintado nas costas.

Desde cedo, o que mais se comentava nas ruas era a ousadia dos criminosos. A notícia – verídica – de que ônibus foram queimados e de que agências haviam sido atacadas era indício de que a situação estava fora de controle. Como boa parte da polícia se manteve recolhida, o cidadão comum teve a certeza de que teria de se defender sozinho. E o que fez foi recolher-se também.

Diante de tantos comentários que cresciam com o passar das horas, a previsão não poderia ser mais trágica. Um dos primeiros boatos que desencadeou o pânico foi a “fuga” de 300 presos de uma cadeia. A cadeia variava conforme a localização de quem dava a notícia. Logo, quem morava em Santo André dizia que a fuga havia ocorrido no município, como aquele que estava em São Bernardo ou em Mauá afirmava o mesmo.

Não demorou muito para que toda e qualquer informação mentirosa fosse aumentada e passada para a frente como a mais pura verdade. Com a “fuga” dos tais presos, os boatos eram os mais diversificados possíveis. O clima era de guerra.

A maioria dos boatos dava conta de que uma grande rede de lojas ou um shopping havia sido saqueado. Foi justamente esse tipo de informação que motivou o comércio a baixar as portas. Agências bancárias também teriam sido metralhadas ou se tornaram alvo de bombas. Como desde o início dos ataques as principais vítimas eram policiais, também não tardou a ser divulgado boca a boca o grande o número de “ocorrências” envolvendo as polícias Civil e Militar e guardas municipais.

Sem qualquer limite, as pessoas contavam que prédios públicos haviam sido incendiados, como hospitais, escolas e universidades e que a base do comando da PM no Grande ABC seria atingida por um míssil. O medo havia se instalado e todos resolveram fugir ao mesmo tempo de um inimigo que ninguém tinha muita certeza quem era, mas que certamente estava atrás de gente inocente e disposto a todo tipo de atrocidade.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;