O líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmud Abbas, fez neste sábado um discurso firme ao iniciar sua campanha para a eleição de 9 de janeiro que definirão o novo presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).

Abbas, 59 anos, abriu seu primeiro comício com um minuto de silêncio em memória de Yasser Arafat, presidente palestino morto no dia 11 de novembro.

Ele criticou a ocupação israelense e advertiu que a retirada da Faixa de Gaza, prevista pelo premiê de Israel, Ariel Sharon, deve ser seguida por outras evacuações. Abbas manteve a exigência sobre o direito de retorno dos refugiados palestinos e impôs como condição para a paz a libertação de todos os detentos palestinos, incluindo Marwan Barghuti, o mais famoso de todos.

"Continuaremos nos baseando na resolução 194 (da Assembléia Geral da ONU) como fundamento da solução para os refugiados", afirmou. A resolução estipula o direito de retorno dos refugiados palestinos expulsos em 1948, ou pelo menos o pagamento de uma indenização.

Dianta de cerca de duas mil pessoas, Abbas confirmou o desejo de "paz, estabilidade e segurança" a todos os palestinos. "Queremos que as pessoas se sintam seguras em suas casas e quando se deslocarem de uma parte a outra. Porém, nós sabemos que o ocupante (Israel) não quer segurança para o nosso povo e sempre busca pretextos para nos privar dela", disse.

"A retirada de Gaza não deve ser mais do que uma etapa, outras retiradas deverão segui-la", declarou Abbas. "O que nós queremos é o fim da ocupação", reiterou o líder da OLP.

"Queremos um Estado com base nas terras de 1967 (antes da ocupação israelense), e isso significa que não abandonaremos Jerusalém", destacou.

Segundo o plano de paz preparado pelo primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, o exército de Israel deve se retirar da Faixa de Gaza em 2005, depois do desmantelamento das 21 colônias construídas nesse território e de quatro assentamentos hebraicos isolados no norte da Cisjordânia.

Abbas também pediu a libertação de Marwan Barghuti, símbolo da Intifada detido por Israel, e afirmou que a paz com o Estado hebreu só será possível quando com uma solução para a questão dos presos políticos palestinos.

"Estão entre nós dois ex-prisioneiros. Porém, queremos que todos sejam ex-detentos e em primeiro lugar Marwan Barghuthi", acrescentou. Quase 8 mil palestinos estão detidos em Israel atualmente.

Barghuti chegou a apresentar sua candidatura à presidência da ANP, causando um racha no Fatah, movimento do qual ele e Abbas fazem parte. Porém, pouco depois, o preso político condenado a prisão perpétua em Israel anunciou sua desistência.

Abbas sucede Arafat no comando da OLP e é o favorito para herdar também a presidência da Autoridade Palestina.