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Julgamento é adiado em Ribeirão Pires
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
24/11/2010 | 07:07
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O júri do casal acusado de esquartejar dois irmãos em Ribeirão Pires foi adiado para dia 15. O julgamento deveria ter acontecido ontem, mas o advogado que defende o pai dos meninos, o segurança João Alexandre Rodrigues, 42 anos, não compareceu ao tribunal. Rodrigues e a companheira, Eliane Aparecida Antunes Rodrigues, 38 anos, respondem por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual.

Após o adiamento, o casal voltou para a penitenciária de Tremenbé, no interior do Estado.

Mãe biológica dos dois estudantes, Claudia Lopes dos Santos chegou ao Fórum desacreditada e certa do adiamento. Desde a época do crime, 5 de setembro de 2008, ela vive em Parati (RJ). Emocionada com os fatos, disse ao Diário que voltou à cidade para ver a condenação dos culpados. "Mas eu já sabia que o advogado do João iria faltar. Mesmo assim, vou voltar em dezembro para ver justiça", protestou.

O advogado Reinaldo François Cardoso alegou que a mulher passa por problemas de saúde e precisa de acompanhamento. O juiz José Wellington Bezerra da Costa Neto decidiu que o jurista deve se pronunciar nos próximos dias ou a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pode indicar outro defensor para o pai dos garotos. Eliane e Rodrigues aguardam julgamento na Penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo.

Ontem, Claudia ficou hospedada na casa de uma amiga e confessou que ainda está em choque. Ela não pretende voltar para o município para evitar lembranças do crime e por temer represálias da família de Rodrigues.

Durante o tempo em que foi casada com o segurança, Claudia morou na casa da cunhada. Lá, ela conta que sofreu agressões morais. "Minha filha, que hoje tem 18 anos, sofria muito, pois ninguém na casa gostava dela. Éramos muito discriminadas", contou.

Como marido Rodrigues era violento e intolerante. Claudia teve duas filhas antes de conhecer o segurança. Ambas eram constantemente alvo de agressões e xingamentos, segundo Claudia. "Mas com os meninos ele não era assim. Quando nos separamos, ele até passeava com os garotos e me faziam visitas. Ainda é difícil de acreditar nisso tudo", contou.

CASO - O casal é acusado de assassinar, esquartejar, queimar e distribuir pelas ruas de Ribeirão Pires partes dos corpos dos irmãos Igor Giovanni, 12 anos, e João Victor Rodrigues, 13, filhos de Rodrigues e enteados de Eliane.

O crime foi executado na casa em que a família vivia, na Rua Cesário Mota, Vila Aurora. Rodrigues asfixiou os jovens. Com a ajuda da companheira, cortou os corpos e embrulhou as partes. A distribuição aconteceu no próprio bairro.

Agentes de limpeza encontraram os primeiros embrulhos e fizeram a denúncia. Segundo a Promotoria, na época o casal já havia sido julgado por tortura às crianças.

Crime ainda causa comoção em vizinhos e conhecidos de garotos

Moradores da Vila Aurora que tiveram contato com Eliane e Rodrigues até hoje estão assustados com o crime. Vizinhos do casal resolveram mudar da região para não relembrar o caso.

A dona de casa Conceição Rosário Silva, 53 anos, lembra que o casal tinha bom relacionamento com os demais moradores do cortiço onde moravam. "Todas as tardes nos reuníamos para conversar. Fazíamos até festas juninas. Hoje aquele local dá muita tristeza", contou.

Ela foi convocada para testemunhar. Ao ver Eliane no banco dos réus, dona Conceição descreve os sentimentos. "Angústia, raiva e pena. Eu não sabia o que sentia. Só queria me esconder em algum lugar", suspirou.

O filho de Marlene da Silva, 50 anos, estudou com os irmãos. Para ela, não resta dúvidas sobre a culpa do casal. "Eu lembro dos meninos passando na porta de casa. Era bonito ver os dois. O menor sempre estava junto do mais velho", recordou.




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