Economia Titulo Com fábrica em Santo André
Paranapanema tem dívidas de R$ 2,5 bi

Valor é devido a 10 credores; um deles pediu falência, mas empresa conseguiu frear processo

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/12/2020 | 00:05
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DGABC


A Paranapanema, que possui fábrica de tubos de cobre em Santo André, negocia o pagamento de dívida de cerca de US$ 510 milhões, ou seja, cerca de R$ 2,5 bilhões (conforme o dólar de ontem, cotado a R$ 5,04). No fim desta semana, a empresa obteve liminar no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na 1ª Vara da Comarca de Santo André, que sustou todos os protestos feitos em cartórios pelo Scotiabank, um dos dez credores da empresa, e, assim, freou o pedido de falência na Justiça por parte da filial brasileira do banco canadense.

A decisão, que ainda é em primeira instância, ou seja, passível de reversão, alcança também os possíveis efeitos desses protestos. A Paranapanema deve ao Scotiabank 7% do montante total de suas dívidas, ou seja, R$ 174,4 milhões.

“As negociações com os demais credores, que detêm 93% dos créditos, prosseguem. Os credores, à exceção do Scotiabank, estão empenhados na busca de uma solução que atenda o interesse de todos”, informou a empresa, questionada pelo Diário. As negociações acontecem desde março deste ano, e a companhia informou que o objetivo é concluir este processo de renegociação até o fim do mês.

Ontem, as ações da empresa fecharam com queda de 1,22% no pregão da B3, valendo R$ 9,70. O valor estimado da Paranapanema no mercado é de R$ 421,02 milhões – sua dívida total é seis vezes superior a isso.

Em comunicado divulgado aos acionistas ontem, a Paranapanema informou que, mesmo não tendo sido citada até o momento no pedido de falência ajuizado pelo Scotiabank, tomou ciência de cinco protestos de títulos e “tomou as medidas judiciais necessárias com o objetivo de sustar a cobrança e os efeitos negativos dos referidos protestos”, informou.

Segundo o advogado trabalhista e sócio do escritório Stuchi Advogados, Ruslan Stuchi, o pedido de falência não ter sido concedido pela Justiça mostra que a empresa ganhou tempo para continuar negociando. “Quando pedido do tipo é decretado, mostra que a empresa tem um passivo maior que o ativo. Mas, com essa decisão, ela ganha fôlego para negociar com os credores”, disse, apesar de explicar que a decisão não impede que os outros credores também ingressem com pedido de falência na tentativa de receber o que lhes é devido. “Apesar disso, é um momento delicado e com uma soma considerável. Na decisão do juiz também pesou a situação da pandemia da Covid-19, que acabou prejudicando ainda mais as empresas e dificultando o pagamento dos credores. E isso aconteceu em todo o cenário mundial”, afirmou o especialista.

CRISE

Conforme o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá Adilson Torres, o Sapão, há cerca de 750 trabalhadores na unidade andreense. “Eles seguem apreensivos, mas a situação não gerou maiores transtornos”, disse. Segundo ele, os trabalhadores chegaram a ficar com suspensão de contrato de trabalho por causa da pandemia e alguns empregados tiveram de 5% a 10% de redução salarial, mas o pagamento integral já foi retomado.

Desde o ano passado, a empresa vem passando por dificuldades financeiras e chegou a anunciar medidas como demissões de 40 funcionários do administrativo. Em setembro deste ano, a companhia também descumpriu a contratação de cotas para PCDs (Pessoas com Deficiência) e precisou pagar multa de R$ 50 mil.
 




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