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Tribunal de Contas da Uniao investigará governo no Piauí
Por Do Diário do Grande ABC
12/10/1999 | 12:31
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O Tribunal de Contas da Uniao (TCU) deverá fazer uma auditoria específica nas contas do governo do Piauí e de pelo menos 78 prefeituras, que teriam sido beneficiadas com repasses suspeitos.

O pedido será feito pela Comissao de Fiscalizaçao e Controle da Câmara dos Deputados que decidiu entrar nas investigaçoes sobre o crime organizado no estado.

O processo tem apoio do presidente do TCU, Iram Saraiva, que designará um relator para acompanhar o caso.

No começo da tarde desta terça-feira, o presidente recebeu um dossiê contendo as denúncias sobre um esquema de propina e corrupçao no estado das maos do deputado Wellington Dias (PT-PI).

A participaçao do TCU foi definida depois da reuniao que ocorreu nesta terça feira em Teresina, da qual participaram o governador Francisco Moraes, o Mao Santa, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e várias autoridades.

Durante a reuniao ficou decidida a abertura de 11 inquéritos que vao investigar desde pistolagem até tráfico de armas além de desvio de recursos públicos por meio de notas frias, supostamente patrocinados pelo coronel reformado da Polícia Militar, José Viriato Correia Lima, e o delegado José Wilson Torres.

Também ficou decidido que vao ser quebrados os sigilos bancário, fiscal e telefônico de 38 envolvidos nas denúncias.

A prisao preventiva de José Wilson poderá ser decretada até quarta-feira.

Já a Receita Federal deverá investigar as acusaçoes de lavagem de dinheiro e sonegaçao fiscal. O assunto será tratado pelo Serviço de Inteligência da Receita e pela Secretaria de Fiscalizaçao do órgao.

Segundo o deputado Wellignton Dias (PT-PI), o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, também está disposto a orientar pela quebra de sigilo patrimonial dos envolvidos no caso.

"É fundamental decretar a quebra de sigilo para que as investigaçoes possam ser amplas", declarou o petista, que quarta-feira encaminha requerimento à Comissao de Fiscalizaçao pedindo que investigue o assunto.

Durante o encontro com Brindeiro, o governador mostrou-se indignado com as suspeitas levantadas sobre pessoas ligadas a ele, como auxiliares e sua filha Cassandra Moraes, que teve uma das conversas gravada.

Entretanto, as denúncias vao ser investigadas depois de concluídas as apuraçoes em curso.

O governador Mao Santa garantiu também apoio total do seu governo às investigaçoes, durante o encontro com o Ministério Público, do qual participaram representantes das polícias Federal e Civil.

"O governador vai se empenhar nas investigaçoes relacionadas ao crime organizado no estado", declarou o secretário extraordinário de estado, Joao Silva.

"Ele nao foi omisso em momento algum", declarou Silva. Segundo o secretário, o governador nao se ausentou de Teresina e só foi à Parnaíba para inaugurar um sistema de abastecimento de água.

Para garantir o encaminhamento das investigaçoes, Mao Santa e o secretário de Segurança Pública, Carlos Lobo, conversaram na tarde de segunda-feira com todos os delegados dos distritos organizados e das delegacias especializadas do estado.

Na reuniao, ficou definido o empenho de todos na apuraçao dos fatos em parceria com a Polícia Federal.

"Estamos atentos a tudo e a nossa missao é colocar todos os responsáveis na cadeia", declarou Lobo. "Tudo será apurado com rigor", completa.

A PF resolveu reforçar o esquema de segurança no estado, garantindo proteçao às pessoas ameaçadas de morte pelo grupo supostamente liderado pelo coronel reformado da Polícia Militar José Viriato Correia Lima, que está mantido preso no quartel da PM.

Para o superintendente da PF, Robert Rios, ele deveria ter sido transferido para uma prisao do Exército, assegurando assim menor possibilidade de fuga.

Mas sua proposta nao foi aceita pelas demais autoridades. Para intensificar o esquema de segurança, foram convocados quatro agentes do Ceará, 15 do Distrito Federal e um delegado de Sergipe.

A PF ouviu nesta segunda-feira o coronel Odival Falcao, ex-chefe do gabinete militar do governo, e o empresário Francisco Gregório, dono da companhia de táxi aéreo GM, acusado de emitir notas frias para favorecer o esquema de propina.

Segundo o delegado Airton Franco, que preside o inquérito, o militar se complicou durante o depoimento "Ele nao convenceu nada com o que disse", afirmou Franco.

"O depoimento do coronel foi cheio de informaçoes contraditórias." acrescenta.

O empresário por meio de documentos tentou provar à polícia que as assinaturas utilizadas por Falcao foram falsificadas.

Também apresentou provas de que as aeronaves citadas pelo coronel nao sao de sua propriedade.

"Vou entrar com uma açao contra o Estado", reagiu Gregório.




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