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Rapaz tem várias propostas de emprego
Por Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
28/03/2010 | 07:00
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O artista gráfico Henrique de Carvalho Pereira, 21 anos, tem várias propostas de trabalho a sua espera para quando se recuperar do grave traumatismo craniano gerado pelo ataque que sofreu na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, segundo contou seu pai, o supervisor de operações Elifas Pereira Filho, 47. "Sempre falo para ele: ‘Filho, você vai pastar quando acordar; vai ter de trabalhar muito...' "

Elifas disse que o profissional que chefiou seu filho na agência de publicidade onde Henrique fez estágio durante os quatro anos da faculdade de artes gráficas está com medo de perdê-lo, pois o rapaz não para de receber propostas de trabalho pelo site por onde vendia peças de toy art (brinquedos artísticos, em tradução livre do inglês). "Ele me liga e fala: ‘O Henrique é nosso, hein?' ", disse o pai, contando que a agência onde o rapaz estava empregado chegou a ganhar prêmios por conta do talento do jovem.

O trabalho do artista começou a ser reconhecido com mais força no ano passado, quando colaborou com ilustrações em duas revistas e conseguiu emplacar seus desenhos na Cow Parade, que espalhou esculturas de vacas estilizadas por toda a Capital. A Vaca de Sampa expressou a admiração do jovem pela cidade, mostrando belezas e contrastes da metrópole.

Foi por conta do trabalho na escultura que Henrique parou na Livraria Cultura dia 21 de dezembro. Naquele dia, o jovem havia saído do apartamento do Jardim do Estádio, em Santo André, onde vive com os pais e o irmão Murilo, 16, para receber o cachê simbólico pelo trabalho na vaca.

"Depois, ele resolveu almoçar na Paulista e comprar um livro antes de voltar para casa. Era para eu ter ido com ele", contou a mãe, Silvania de Carvalho Pereira, 42, explicando que o jovem estava de férias, pois, na semana anterior, havia entregado seu trabalho de conclusão de curso na faculdade.

O talento de Henrique apareceu cedo, esboçando personagens de contos de fadas na tenra infância e fazendo modelos em massinha dos personagens de Monteiro Lobato a partir dos 10 anos. "Ele desenhava as sequências das histórias. A gente sempre o estimulou muito", disse a mãe, contando que o jovem cresceu na casa dos avós paternos, onde a família vivia, no Parque São Rafael, Zona Leste da Capital. "O bom é que os primos dele sempre estavam por lá", lembrou-se.

ESPIRITUALIDADE - Sincréticos e espiritualizados, os pais de Henrique trouxeram a sabedoria de mestres orientais para dentro de casa. O misticismo influenciou o trabalho artístico do jovem, que deixou no computador imagens em 3D de versões dos deuses hindus que, quando foram encontradas pelos pais, tomaram forma. Uma imagem de Santa Bárbara, ou Iansã, foi posta em cima da mesa do rapaz para ajudar na sua recuperação. E sua mãe lê diariamente trecho do iogue Paramahansa Yogananda. "É para mandar energia positiva de melhora. Acreditamos muito em Deus", disse a mãe.

Agressor está em CDP e passará por avaliação psicológica

O personal trainer Alessandro Fernando Aleixo, 38 anos, que agrediu Henrique de Carvalho Pereira, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio. Atualmente, ele aguarda julgamento no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na Zona Oeste da Capital.

O ataque de dezembro não foi o primeiro incidente que o agressor se envolveu na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Em 2008, Aleixo foi detido por quebrar uma vitrine do estabelecimento, mas acabou liberado.

Em depoimento à Justiça, Aleixo disse que tem problemas com o dono do local. Ele deverá passar por avaliações psicológicas.

APOIO - O pai de Henrique, Elifas Pereira Filho, contou que a faculdade de São Bernardo onde o rapaz estudou ofereceu ajuda jurídica, colocando um advogado para acompanhar a acusação contra Aleixo. Além disso, a instituição se comprometeu a disponibilizar um centro de reabilitação para que o jovem realize sessões de fisioterapia depois que sair do coma.

Ajuda também veio dos colegas de trabalho de Elifas: 49 doaram sangue para o rapaz, que acabou precisando de apenas duas bolsas durante a operação. E o apoio dos funcionários do Hospital das Clínicas emocionou a mãe. "Compraram um terço pra ele em Aparecida", disse Silvania.




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