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Clientes temem problemas
com operadora a Samcil
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
06/04/2011 | 07:10
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A morte do empresário Luiz Roberto Silveira Pinto deixou um rastro de dúvidas e incertezas sobre o futuro da operadora Samcil, que enfrenta grave crise financeira. Clientes da rede na região já reclamam de dificuldades no atendimento e atestam, inclusive, que atualmente apenas procedimentos emergenciais são realizados nas unidades do grupo.

São casos como o do aposentado Angelo Andreatta Gemonesi, 62 anos, que precisou pagar R$ 6.000 por uma cirurgia altamente complexa. Em outubro, ele passou por um procedimento na rede que ocasionou má cicatrização dos vasos, o que tornou indispensável uma cirurgia reparadora. "Tentamos desde então agendar um outro cirurgião para refazer a operação e corrigir o problema. Por duas vezes marcamos tudo, chegamos no hospital e tivemos de voltar para casa por falta de pagamento aos médicos. No mês passado, o Angelo teve uma hemorragia e pagamos do bolso para evitar complicações ainda maiores", reclama a mulher do aposentado, Marilene Iglesias Oliveira.

O Procon de Santo André, cidade onde a empresa foi criada, diz que as reclamações são recorrentes, mas não houve nos últimos tempos crescimento no número de registros. Com isso, a diretora do órgão, Ana Paula Satcheki, orienta consumidores a procurar a ANS (Agência Nacional de Saúde) e a entidade para registrar qualquer problema.

"Precisamos mapear a situação, saber se houve descredenciamento de médicos e ajudar a resolver os casos prioritários. Neste momento, o melhor que o consumidor pode fazer é buscar esse apoio", diz.

A ANS confirma que a empresa enfrenta problemas e passa por intervenção - denominada direção fiscal - desde janeiro, quando a entidade enviou um profissional para acompanhar todos os balancetes de contas do grupo. Até aqui, sabe-se que a operadora perdeu quase metade da carteira de clientes nos dois últimos anos e possui dívidas avaliadas em R$ 70 milhões.

Para tentar corrigir a situação, o grupo colocou à venda três unidades: duas em Santo André e uma em Santo Amaro, avaliadas em R$ 130 milhões.

Mesmo com o fantasma da falência batendo à porta, a rede explica em nota que "A Samcil continua executando seu projeto de recuperação financeira com a venda de ativos e não procede a informação de falta de assistência aos associados. A empresa tem procuradores que dão continuidade nos processos de atendimento. "

Silveira Pinto morreu anteontem aos 74 anos. Seu sucessor ainda não foi anunciado.

Sindicato nega atraso no pagamento de trabalhadores

Mesmo com R$ 70 milhões em dívidas, os cerca de 600 funcionários da Samcil que trabalham no Grande ABC seguem recebendo normalmente, segundo o SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado de Saúde do Grande ABC). O presidente da entidade, Waldir Tadeu David, lembra apenas que alguns serviços do grupo apresentaram problemas nos últimos meses. "Alguns médicos cogitaram mudar pacientes para outros hospitais, mas não recebemos demanda por problemas salariais."

O SinSaúde em São Paulo afirma que em fevereiro o grupo atrasou salários, mas cumpriu todos pagamentos no mês passado, conforme combinado com a diretoria. No balanço divulgado em março de 2010 a empresa divulgou que atende a 60 mil vidas na região e possui três hospitais, dois deles em Santo André e um em Mauá. PC




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