A derrota do secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo, Tarcisio Secoli, na disputa à Prefeitura e o consequente fim do ciclo do PT à frente da maior cidade do Grande ABC deflagraram aumento no número de candidatos à presidência do diretório municipal do partido, em eleição marcada para março. A insatisfação com a condução da legenda por parte do irmão do prefeito Luiz Marinho, Brás Marinho, só cresceu e, com o revés eleitoral, motivou oposicionistas internos a tentar impedir a reeleição do atual dirigente.

Ao menos quatro grupos internos demonstram interesse em concorrer ao comando da sigla. Além do próprio Brás Marinho e de Anderson Dalecio – assessor parlamentar do deputado estadual Luiz Turco –, as alas lideradas pelo vereador Toninho da Lanchonete e do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira cogitam apresentar projeto partidário no páreo. Nos dois últimos casos, nomes ainda não foram definidos.

Outro quadro que chegou a ser especulado internamente foi o do vereador José Cloves. Sua candidatura, caso se confirmasse, teria apoio de expoentes do partido, como o próprio Luiz Fernando e a deputada estadual Ana do Carmo, madrinha política de Cloves. Entretanto, o fato de o vereador ter sido conduzido coercitivamente para depor na PF (Polícia Federal) sobre supostos desvios de recursos na construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador enterrou hipótese de projeção da candidatura.

O aumento no número de candidaturas é reflexo direto da rejeição ao trabalho de Brás Marinho à frente do PT de São Bernardo. Eleito com patrocínio do irmão, Brás é criticado por afastar o PT de sua militância, de não promover reuniões para discutir os rumos da sigla e de centralizar as decisões do diretório. Sob seu comando, a legenda conseguiu emplacar três deputados estaduais – Luiz Fernando, Ana do Carmo e Teonílio Barba – e um federal – Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho –, porém, neste ano houve redução no número de vereadores, saindo de oito para cinco cadeiras, além da derrota no primeiro turno de Tarcisio Secoli.

Integrantes do grupo de Luiz Fernando querem presidir o diretório com o objetivo de renovar o partido e pavimentar a candidatura a prefeito do hoje deputado estadual em 2020. Na análise desse bloco, emplacar um presidente no PT de São Bernardo aumenta as chances de Luiz Fernando ser o prefeiturável da legenda e reduz as esperanças de Marinho de retornar daqui quatro anos. O atual prefeito de São Bernardo deve se candidatar ao diretório estadual do petismo, até como forma de se cacifar para ser o candidato do PT ao governo do Estado em 2018. Marinho, porém, enfrenta resistência interna.