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Irã e Coréia do Norte endurecem posição na negociação nuclear
Por Da AFP
20/09/2005 | 17:53
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O Irã e Coréia do Norte endureceram suas posições na negociação nuclear: Teerã ameaçou abandonar o Tratado de Não-Proliferação e condicionar a venda de petróleo ao apoio que receber neste tema. Já Pyongyang anunciou que não irá abandonar seu programa nuclear até ter um reator que lhe permita gerar eletricidade.

Estes anúncios foram feitos no momento em que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) estuda enviar ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) um projeto de resolução sobre o caso iraniano, e um dia depois de a Coréia do Norte ter assinado uma declaração em Pequim reafirmando seu compromisso de renunciar ao programa nuclear militar e assinar o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear).

Nesta terça-feira, o representante iraniano nas negociações sobre o programa nuclear, Ali Larijani, anunciou que seu país poderá ser obrigado a abandonar o TNP se "a linguagem da força" for utilizada contra ele. "Não queremos que o caminho seja mais difícil, mas caso se queira utilizar a linguagem da força, o Irã não terá outra alternativa senão abandonar o TNP e o protocolo adicional, e retomar o enriquecimento de urânio, para preservar suas conquistas técnicas", ameaçou Larijani em Teerã.

O representante também anunciou que o Irã irá condicionar suas vendas de petróleo e outros produtos ao apoio que os países lhe derem nas negociações sobre seu programa nuclear. "Os países que têm negócios econômicos com o Irã, especialmente no campo do petróleo, não defenderam suficientemente os direitos do país", lamentou. "O Irã decidirá a participação dos sócios em sua economia em função do apoio que lhe derem na defesa de seu direito nacional no campo nuclear."

Os Estados Unidos haviam pedido na segunda-feira ao Irã que retomasse o quanto antes as discussões com Alemanha, França e Grã-Bretanha sobre suas atividades nucleares, e que respeitasse as promessas feitas a estes países. Frente à intransigência iraniana, os europeus, segundo fontes diplomáticas, divulgaram ontem, durante uma reunião do conselho de governadores da AIEA em Viena, um projeto de resolução pedindo à organização que levasse esta semana o tema ao Conselho de Segurança da ONU.

Já a Coréia do Norte levantou nesta terça-feira dúvidas sobre seu compromisso de renunciar às armas atômicas, apesar de seu pronunciamento neste sentido feito na segunda-feira. O país impôs como condição a entrega de reatores de água leve, para cobrir suas necessidades energéticas.

Quando a tinta da declaração conjunta de Pequim, assinada ontem, mal havia secado, a ditadura comunista norte-coreana advertiu que não dará o primeiro passo no abandono das armas nucleares que diz possuir. "É solicitado que renunciemos a todo o nosso armamento, mas não há nada a que possamos renunciar em primeiro lugar", declarou o chefe da delegação norte-coreana, Kim Gye-gwan, pouco antes de partir de Pequim. "Os Estados Unidos podem provar que mudaram sua política hostil a nosso respeito nos entregando reatores de água leve", acrescentou.

Horas antes, em um comunicado emitido pela agência oficial norte-coreana KCNA, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores declarou que os "Estados Unidos não deveriam sequer sonhar com a questão do desmantelamento nuclear da Coréia do Norte antes de entregar reatores de água leve".

O texto assinado na segunda-feira destaca que "discussões para a entrega à Coréia do Norte de um reator de água leve poderiam acontecer, no momento oportuno". A entrega deste tipo de equipamento não constava como condição para o fim do programa nuclear, e o representante americano nas discussões, Christopher Hill, disse que o momento oportuno chegaria apenas quando a Coréia tivesse "desmantelado rapidamente o conjunto de seu armamento nuclear, e encerrado todos os seus programas nucleares".




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