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‘Hoje’ traz Gal Costa renovada
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
14/09/2005 | 08:44
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Hoje, Gal Costa não está mais no rol de artistas de uma major. Também não está só voltada aos medalhões. Hoje, Gal está renovada, cheia de frescor, com a voz circulando entre a nova geração. E é com o CD Hoje (R$ 29,90) que ela faz sua estréia na Trama, uma das mais representativas forças da vanguarda no mercado fonográfico.

Hoje é um CD de inéditas, como há muito pediam os fãs da intérprete baiana. Ela não se fez de rogada e não só colocou novidades nas prateleiras como mostrou que há, sim, uma juventude competente compondo e tocando. Especificamente neste disco, esses autores atendem pelo nome de Junio Barreto, Moisés Santana, Tito Bahiense, Péri, Moreno Veloso, Hilton Raw e Nuno Ramos. E figuram ao lado de Chico Buarque, José Miguel Wisnik e Caetano Veloso – artistas dos quais Gal não abre mão.

O pianista César Camargo Mariano e o letrista Carlos Rennó foram fundamentais na construção do disco. O primeiro, porque foi produtor, arranjador e comparece com seu piano em todas as 14 faixas. O segundo, porque ajudou trazer essa rapaziada nova ao álbum, junto com o pianista Otávio de Moraes, numa garimpagem de mais de 200 canções. Além disso, Rennó foi o responsável por colocar letras sobre três melodias criadas pelo congolês Lokua Kanza (Mar e Sol, Te Adorar e Sexo e Luz).

Gal fez questão de escolher a dedo só as músicas com as quais se identificava. Resultado disso é que o velho fã de Gal encontrará, como sempre, sofisticação e um repertório que explora e valoriza toda sua extensão vocal. E os mais novos encontrarão uma Gal renovada, contemporânea, mas com a mesma qualidade que a consagrou.

Não há exageros. O acompanhamento é suave, ora marcado por percussão, ora pontuado pela contribuição exata dos backing vocals. Mais interessante é que, mesmo refinado, é popular. Fácil de cantar, mas não facilitado para cantar.

É irresistível cantarolar junto a marota Voyeur (Péri), com sua gostosa levada caribenha.

Mais boas investidas da nova safra são Santana (Junio Barreto/João Carlos), tradicional e moderna, e a divertida Logus Pé (Tito Bahiense): “O meu automóvel é/ Meu pé, meu pé/ Um pé que sobe a ladeira do São Bento/ Outro que desce a ladeira de Santana...”

Gal mostra a veia sambista em Jurei (Nuno Ramos/Clima) e está completamente em casa nas inéditas Luto, de Caetano, e Embebedado, de Chico e Wisnik. Esta última deveria ter entrado no disco anterior, mas ninguém perdeu por esperar.




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