Diarinho Titulo
Aprendendo a controlar
a própria grana
Por Nayara Fernandes
Especial para o Diário
09/05/2010 | 07:08
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A gente aprende desde cedo que é importante guardar dinheiro, pesquisar preços e não comprar por impulso. Bianca Seconello Soares, 9 anos, de Santo André, procura não esquecer disso, mas confessa que é difícil economizar. "Meus pais falam para eu guardar uma parte da mesada, mas adoro comprar maquiagem e bijuterias."

Os especialistas recomendam guardar sempre uma parte para investir em algo depois. "Não pode gastar todo o dinheiro de uma vez na cantina ou na loja de brinquedos. Tem que colocar um pouco no cofrinho ou na poupança", ensina o consultor de finanças Daniel Ribeiro.

Em datas especiais, Bianca se esforça para comprar presentes com o próprio dinheiro, como neste Dia das Mães. "Consegui economizar para isso", conta orgulhosa. Ao contrário dela, Matheus Geraldine da Luz, 11, de São Bernardo, está sempre juntando o que ganha em dois cofrinhos e só usa o dinheiro quando é mesmo necessário. "Neste ano, economizei bastante para comprar o presente da minha mãe, com meu dinheiro", diz.

A estratégia de Matheus é simples: guarda o porquinho onde não possa vê-lo para que não fique com vontade de gastar. Quando vai às compras, costuma pechinchar. "Dependendo da loja, pergunto se não dá para dar desconto, mesmo que seja uma coisa baratinha."

SEGUINDO REGRAS
Na casa de Thiago Siqueira Braga, 9, de Santo André, só tem mesada quem obedece aos pais, faz a lição de casa e não briga com o irmão. Ele conta que tenta cumprir as condições para garantir um dinheirinho e poder comprar o que deseja. "Só gasto com aquilo que eu quero muito", diz.

Milene Ferreira Colher, 10, de Santo André, também se considera controlada. Durante o ano passado, ela guardou cada centavo que ganhou dos pais e, em janeiro, comprou um Playstation 2. "Meus pais ajudaram só com R$ 50. Agora, quero comprar o Tapete de Dança para Playstation; por isso, estou guardando dinheiro."

Um dos grandes orgulhos de Allan Yuri Matsukuma Grespan, 9, de Santo André, é não precisar depender dos pais quando vai ao shopping. "Compro o que quero com a minha mesada e não preciso pedir", afirma.

 
Brincadeira de gastar na escola
Nas aulas de matemática do Colégio Metodista, em São Bernardo, não rola apenas números e contas. A galerinha aprende a economizar um pouco da mesada, comprar apenas o que é importante e planejar bem como gastar cada moedinha. Depois disso, eles colocam a teoria em prática durante a Festa da Matemática, quando a escola vira uma minicidade.

No evento, os alunos têm a missão de gastar dinheiro de mentirinha no cinema e na lanchonete sem esquecer de deixar de guardar um pouco. O que não pode é gastar tudo de uma vez, porque sem ele não dá para continuar brincando na cidade de mentirinha. A ideia é fazer reserva para as emergências e investimento futuro.

"Antes achava que meu pai podia ter dinheiro sem precisar trabalhar", diz Bruno Mendonça, 10 anos. Com as aulas, ele entendeu que nada cai do céu. A colega Natalia de Souza Gibin, 11, também diz que aprendeu o quanto é importante guardar a mesada e não gastá-la de qualquer jeito. "Quando quero muito alguma coisa, economizo bastante e antes de comprar procuro onde está mais barato", diz.

E quanto antes melhor. Giovana Duarte Lobo, 7, guarda todas as moedinhas que ganha dos pais em um cofrinho para definir o que fazer no futuro.


BOM GASTADOR
Separe um caderninho para anotar os gastos e os ganhos, como a mesada e os presentes em dinheiro que recebe da famíia. Anote tudo, até o chiclete que comprou no recreio.

Faça uma lista de tudo que deseja fazer com seu dinheiro.

Toda vez que receber a mesada, guarde uma parte no cofrinho ou peça para alguém depositar na sua poupança e só use o dinheiro quando for realmente necessário.

Estabeleça uma meta de quanto quer guardar durante um tempo e tente chegar lá. Comece a planejar seu futuro agora.

Antes de comprar, faça pesquisa de preços para saber onde é mais barato.

Nem sempre o mais caro é o melhor; por isso não compre brinquedos, roupas e jogos apenas por causa da marca.

Faça uma lista dos itens mais importantes e os menos importantes que deseja comprar; depois veja o que você precisa realmente.

Não gaste tudo de uma só vez, use o dinheiro aos poucos, conforme a necessidade, e lembre-se que o valor deve durar um mês.

Quando o dinheiro acabar, não fique pedindo adiantamento.

Em vez de ganhar mesada, veja com seus pais se eles podem dividir o valor em parcelas semanais.

Troque com seus amigos brinquedos, jogos e livros, assim não precisará comprar novos. Mas antes disso peça a permissão dos seus pais e fale para o amigo fazer o mesmo com os dele.

No final do mês faça uma lista com todos os gastos realizados no período. Depois verifique se todos realmente foram necessários e estabeleça as novas metas.


Guardar na poupança

A maioria guarda as economias no banco, em uma poupança. Esse tipo de conta existe desde o século 19 e surgiu para que os escravos pudessem depositar seus ‘trocadinhos' para depois comprar a carta de alforria (documento que lhes dava a liberdade). Eles podiam ter suas poupanças desde que estivessem em nome do seu ‘dono'.

Hoje, os pais fazem isso, em geral, pensando no futuro dos filhos, como acontece com Nicolas Gabriel Morando Santos, 6 anos, de São Bernardo. O garoto guarda parte da mesada no banco, e o restante só usa quando necessário. "Coloco dinheiro na poupança para pagar minha faculdade. Querero ser médico", afirma.

Os responsáveis podem abrir esse tipo de conta em nome da criança em qualquer banco, desde que tenham a certidão de seu nascimento. Eles podem movimentá-la (tirar e colocar dinheiro) até que a criança complete 14 anos. Depois disso, ela pode fazer isso sem o responsável.

No entanto, apenas com 16 anos é possível abrir uma conta bancária ou uma poupança sozinho. A maioria dos bancos exige que se deposite um valor mínimo que, na maioria das vezes, é de até R$ 20. Os demais depósitos podem ser de valor inferior.




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