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Líderes de facção combinam enforcamento
Por Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
30/06/2007 | 07:02
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Gravações da Polícia Civil de São Bernardo durante investigações da Operação Forca revelam a frieza de Marcos Moreira dos Santos, o Marquinhos, considerado um dos líderes do PCC na região, na hora de programar e ordenar a execução de um membro da facção. A operação da polícia resultou na prisão de nove pessoas ligadas ao PCC na manhã de ontem.

Jonildes Almeida Nascimento, 32 anos, o Negão, devia dinheiro ao tráfico. Ele foi enforcado e depois baleado, no dia 18 de junho.

Os autores da execução, de acordo com a polícia, foram Alessandro Destro, o Sandro, e Abel Alves, o Mini Craque. Eles ainda tiveram a companhia de Danilo Batista Neves, 23 anos, que foi levado junto para “entender como funciona o Comando”, segundo palavras de Marquinhos.

Negão, que fazia parte do PCC havia cinco anos, teria pegado uma quantidade de drogas para vender, mas deixou de entregar o dinheiro e se viu endividado com o comando da facção.

Na cronologia das gravações, Negão é cobrado por Sandro e depois por Marquinhos, eles querem saber o que aconteceu com o dinheiro. A resposta é confusa e não convence os líderes.

No dia em que Negão foi pego pelo grupo, ele ainda almoçou com Marquinhos e Abel. À noite, alguns criminosos foram até a casa de Negão e o levaram, sob os olhos de seus filhos que ficaram gritando pelo pai. Marquinhos mandou o novato Danilo junto para que ele já se acostumasse com o modo de agir da facção.

No dia seguinte, em outra ligação, Marquinhos conta para uma mulher que está dentro de um barraco na favela Naval, em Diadema, com Negão amarrado. “Vamos ter que matar ele. Passar a corda”, disse, fazendo referência ao enforcamento. “Tem que matar um irmão nosso.”

Negão foi levado para um local desconhecido em Diadema. De acordo com o relato de Marquinhos a outro membro do PCC, a vítima se ajoelhou e esperou ser enforcado. “Pelo menos teve dignidade na hora de morrer”, disse Marquinhos.

Nas gravações, Marquinhos conta para indivíduos ainda não identificados que Negão foi enforcado por 40 minutos e depois de morto, o corpo seria levado para um local em São Bernardo.

Quando Sandro, Abel e Danilo levavam o corpo para ser desovado em um terreno em São Bernardo, perceberam que Negão ainda estava vivo. “Levantou meio brabo ainda”, disse Marquinhos a um outro membro do PCC, que deu risada.

Marquinhos, no dia seguinte, ainda liga para um amigo de Danilo para comentar o comportamento do novato. “O Sandro me contou que na hora do serviço, o Danilo quase desmaiou”, disse. “Esse pilantra morreu pra abrir os olhos dele (Danilo)”, respondeu o outro.

Então Marquinhos explica em uma outra conversa gravada que Sandro levou sua arma e teve de dar quatro tiros em Negão quando chegaram no local, a Estrada do Vergueiro, na Vila Balneário, em São Bernardo. O corpo foi encontrado pela polícia na manhã do dia 19 de junho.



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