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Lojas de shopping e de rua antecipam liquidações

Promoções, com ofertas de até 70% de desconto,
refletem a crise e as fracas vendas dos comerciantes

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
29/12/2015 | 07:23
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Celso Luiz/DGABC


Grande número de lojas de shoppings e de comércios de rua da região já está com liquidações pós-Natal, com descontos que chegam a 70%. A iniciativa antecipa movimento que normalmente ocorria após o Ano-Novo. Neste ano e em 2014 houve ações desse tipo na primeira semana de janeiro e, em 2013, só em fevereiro.

Centros de compras como o Atrium, em Santo André, e o Praça da Moça, em Diadema, estão, desde sábado, com a liquidação ‘Saldão de Natal’, que vai até o dia 31, e em que lojistas nesses empreendimentos, de diversos segmentos, como moda, calçados, utensílios domésticos, cosméticos e brinquedos, têm ofertas de até 70% de redução nos preços.

Em outros centros de compras não há campanhas institucionais, mas muitos estabelecimentos também estão com ofertas. É o caso do Grand Plaza, de Santo André, em que há promoções pontuais em segmentos como roupas, calçados, acessórios, itens para o lar, entre outros. No local, a Chilli Beans (de óculos e relógios) está com 50% de desconto, e a Le Postiche (bolsas e malas) tem ofertas de até 30%, entre outras.

Também seguem esse movimento grandes redes varejistas, como a Marisa – que já iniciou no dia 26 promoção que chega a 70% de redução –, Pernambucanas – que também dá desconto de até 70% na linha de moda e tem ofertas especiais para a casa em cama, mesa e banho e decoração e, além disso, fará entre os dias 5 e 11 de janeiro saldão com condições facilitadas de pagamento para a linha de eletroeletrônicos. Por sua vez, o supermercado Carrefour iniciou no sábado seu ‘Liquida Geral’ – que vai até dia 3, com descontos em eletrodomésticos, eletroeletrônicos, roupas de cama, mesa e banho etc. E, até quinta-feira, (dia 31), todas as lojas físicas de Casas Bahia e Pontofrio estão com produtos a preços de saldo e com condições especiais de pagamento.

Para especialistas, as liquidações logo após o Natal têm relação com o cenário de inflação e juros em alta, e insegurança da população pelo risco de perda do emprego. “As promoções, nessa intensidade e com antecipação, só têm um significado: as vendas foram muito fracas. Foi o pior Natal dos últimos dez anos”, cita o professor Claudio Felisoni, que é presidente do Provar (Programa de Administração do Varejo) da FIA (Fundação Instituto de Administração). Levantamento da Alshop (Associação dos Lojistas de Shoppings Centers) mostra que, nesse período ante o fim de 2014, o segmento teve queda real (descontada a inflação), de 2,8%, pior resultado da série histórica, iniciada em 2005.

“Os empresários estão antecipando as promoções para conseguir caixa para pagar os compromissos. Com o aumento do desemprego, o consumidor ficou retraído, não gastou como em anos anteriores”, afirma o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura.


Deve-se ter cautela, alerta Proteste

Em relação à antecipação das tradicionais promoções de queima de estoque de janeiro, a Proteste Associação de Consumidores recomenda cautela, para que a população evite adquirir itens desnecessários e que podem estourar o já apertado orçamento doméstico nesse momento de crise econômica do País.

A entidade lista série de orientações para que o consumidor possa tirar melhor proveito das campanhas promocionais, mesmo com menos dinheiro no bolso. Entre as dicas, estão a de pesquisar preços em vários estabelecimentos para verificar se não se trata de uma falsa liquidação; não comprar por impulso só porque é barato; ver se compensam as promoções do tipo “pague dois, leve três’, ou que deem brindes, descontos em segunda compra e sorteio de games.

“Tenha cuidado redobrado com o estado das mercadorias, principalmente aquelas em exposição. Lembre-se de que não poderá trocá-las, por isso, confira se não há defeitos que comprometam a utilização. No caso de produtos com pequenas falhas – roupas com manchas, descosturadas ou eletrodomésticos com partes amassadas – deve-se exigir que a loja coloque na nota fiscal os problemas apresentados, detalhando-os, a fim de evitar problemas na hora da troca”, alerta a Proteste.


Serasa aponta pior desempenho do comércio no País desde 2003

Pesquisa da Serasa sobre a atividade do comércio na semana do Natal aponta queda de 6,4% nas vendas em todo o País em relação ao mesmo período de 2014, pior desempenho do varejo para as vendas de Natal desde a criação desse indicador, em 2003.

Outro levantamento, do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), indica que as consultas para compras a prazo tiveram queda de 15,84% na semana que antecedeu a data, resultado mais fraco em cinco anos. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados refletem o cenário econômico desfavorável, com crédito mais caro, inflação elevada, aumento de desemprego e baixa confiança do consumidor.
 




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