Economia Titulo Mercado de trabalho
Demissões de pessoas graduadas sobem acima da média na região

Nos últimos 12 meses, saldo subiu de 92 para 4.018
desligamentos em cargos qualificados no Grande ABC

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
26/12/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O desemprego no Grande ABC, provocado pela recessão na economia brasileira, passou a atingir fortemente os trabalhadores com maior nível de escolaridade. Levantamento feito pelo Diário com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, revela que, no acumulado de 12 meses até novembro, o saldo de geração de vagas (diferença entre admissões e demissões) no grupo de pessoas com Ensino Superior completo foi de -4.018, ante -92 no mesmo período do ano anterior – aumento de 4.267,39%.

Proporcionalmente, o aumento na quantidade de cortes de profissionais graduados é maior do que a média geral na região. Entre dezembro de 2013 e novembro de 2014, 11.744 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados nas sete cidades. Nos 12 meses seguintes, o saldo negativo passou para 43.115, o que equivale a uma elevação de 267,12%.

A situação também foi ruim para os trabalhadores formais com Ensino Superior incompleto. Nos últimos 12 meses, foram 1.479 postos fechados. No período anterior, 38 oportunidades haviam sido abertas para integrantes dessa categoria de escolaridade.

Outros dois grupos tiveram alta superior a esse percentual: no caso das pessoas com Ensino Médio completo, a diferença entre admissões e demissões foi de -851 para -4.338 (409,75% a mais). Entre os empregados formados no Ensino Médio, o saldo pulou de -3.380 para -20.036 – elevação de 492,78%. Em números absolutos, foi a maior variação negativa, o que é justificado pelo fato de a maioria dos trabalhadores ter parado os estudos nesse nível, sem cursar uma faculdade.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, comenta que a aceleração no ritmo de demissões de profissionais capacitados reflete a necessidade de as empresas reduzirem gastos durante a crise econômica. “Os trabalhadores com maior escolaridade recebem salários mais altos e acabam sendo penalizados em situações de cortes orçamentários”, avalia. Para tentar manter a qualidade do serviço prestado, o professor destaca que as companhias acabam recorrendo a soluções internas, como o treinamento de outros funcionários para que desenvolvam a mesma atividade com desempenho satisfatório.

Ele avalia que a situação deverá permanecer no próximo ano, já que a economia brasileira só deverá apresentar sinais de recuperação a partir de 2017. Para 2016, o mercado financeiro aposta em queda de 2,8% no PIB (Produto Interno Bruto) – para este ano, a expectativa é de retração de 3,7%.

Para quem saiu do mercado de trabalho em razão da crise, Balistiero sugere que o profissional deve se manter em atividade, ainda que desempregado. “É o momento, por exemplo, de aperfeiçoar o aprendizado de idiomas ou de informática. Outra opção interessante é o voluntariado, que, apesar de não ser um emprego, é um trabalho. O importante é que haja uma reciclagem para facilitar a recolocação profissional”, orienta o especialista.

SEXO

No acumulado de janeiro a novembro, 34.626 postos de trabalho formais foram fechados no Grande ABC. Desse total, 8.314 vagas eram preenchidas por pessoas do sexo feminino, o que equivale a 24% do total de demitidos. Proporcionalmente, as mulheres foram menos afetadas pelo desemprego na região do que os homens. Isso porque o percentual de trabalhadoras nas sete cidades soma 42,48% entre os 788.999 registros de carteira assinada.

Se considerado apenas o mês de novembro, o saldo de geração de empregos para mulheres na região ficou positivo, em 53 vagas. Entre os homens, a diferença foi negativa (-1.599). O total do Grande ABC foi de -1.546.

A maioria das dispensas nos últimos 12 meses ocorreu na indústria, setor que eliminou 24.198 postos. No comércio, foram 2.231 desligamentos. 




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