Política Titulo São Bernardo
Museu está atrasado e parado

Obra de Marinho para enaltecer Lula era para ter sido
entregue em janeiro de 2013; não há sinais de trabalho

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
16/11/2014 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O Museu do Trabalho e do Trabalhador, ideia do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), para homenagear principalmente o padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estancou suas obras, mesmo atrasado em 22 meses e com R$ 18,8 milhões em recursos públicos consumidos – incluído aditamento financeiro de R$ 800 mil.

O Diário visitou, durante a semana, o canteiro, situado na região central, em frente ao Paço, e funcionários não estavam trabalhando para erguer a estrutura de 5.000 metros quadrados. Apenas vigia estava no local, ao lado de fora, para impedir invasões. Moradores relataram que há pelo menos três semanas obras estão paralisadas.

Maior parte da estrutura foi construída, mas há muito a se fazer. Faltam acabamentos do prédio, pintura e até assentamento do terreno. No canteiro, pedras, madeiras e vigas estão espalhadas em mato alto.

A Prefeitura de São Bernardo e a Construções e Incorporações CEI, empreiteira responsável pela obra, não responderam sobre o caso.

A estagnação do empreendimento é só mais um episódio do polêmico projeto idealizado por Marinho em 2011. O prefeito decidiu erguer museu para enaltecer lutas sindicais das décadas de 1970 e 1980 – quando Lula emergiu no cenário nacional – na área do antigo mercado municipal central.

Homenagem e custo causaram estranhamento. Com recursos do governo federal, o Museu do Trabalho e do Trabalhador consumiria R$ 18 milhões em seu projeto inicial. Seria entregue em janeiro de 2013, com nove meses de obra, prevista para começar em abril de 2012.

Primeiros indícios de atraso foram vistos em julho, quando nenhum sinal de trabalho era visto e placas indicativas foram apagadas, impedindo ao munícipe aferir o andamento do projeto.
Em setembro de 2013, o Diário mostrou que sócio da Construções e Incorporações CEI era eletricista desempregado, que morava na periferia de Diadema. Provável laranja, Erisson Saroa Silva possuía R$ 10,4 milhões em participações da empresa – a outra metade pertencia a Elvio José Marussi, de fato o responsável pela companhia. Quando questionado sobre a quantia que detinha na empresa, Erisson se espantou.

Foi a partir deste caso que o MPF (Ministério Público Federal) passou a investigar a construção do museu. O governo Marinho não aplicou multa à empreiteira, mas levou o episódio ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão que não enxergou irregularidades. O processo no MPF, entretanto, continua.

Outro indício de irregularidade na obra ocorreu em julho deste ano. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) condenou a licitação e o consequente contrato entre governo Marinho e Construções e Incorporações CEI.

Conselheiro do tribunal considerou o edital restritivo, o que poderia indicar direcionamento. O item contestado previa que a interessada tivesse de apresentar comprovante de construção de auditórios em outros empreendimentos. A exigência, apontou o TCE, resultou em desistência de uma das concorrentes, o que prejudica o duelo pelo melhor preço e economia ao poder público. 




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