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Muro cai, muro sobe
Por Carlos Brickmann
12/11/2014 | 07:00
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O mundo comemora os 25 anos da queda do Muro de Berlim. O Brasil, Nação ‘diferenta’, onde tsunami vira marolinha e até Guido Mantega se transforma em ministro, prepara-se para comemorar, em maio próximo, os 25 anos de criação do Foro de São Paulo, tentativa de recriar a Guerra Fria tendo a Venezuela no papel que, no mundo sério, era desempenhado pela União Soviética.
Que tal comemorar com a construção de novo muro? Um muro que separe a elite endinheirada branca e de olhos azuis dos defensores da igualdade social que se opuseram democraticamente, pelo voto, à alta dos juros, aos tarifaços de energia elétrica, ao aumento dos combustíveis, à libertação dos corruptos e à devastação da Amazônia seria uma beleza. O muro deveria ser inaugurado em 2015, em homenagem ao Foro de São Paulo, mas não vai dar: as coisas estão meio atrasadas. É provável que só comece a funcionar junto com o trem-bala.
Mas as obras terão ritmo acelerado, tanto que o custo inicial previsto deve multiplicar-se algumas vezes – não muitas, porque ‘gerentas competentas’ impedirão excessos. Superfaturamento, jamais! Isso seria explorado pela mídia reacionária, golpista, de direita, coxinha, obediente à zelite e ao ‘zianque’, mal-intencionada para falar mal do governo, mas que esquece o que veio antes, como as filipetas (nem no Google olham!). Talvez um overprice, um surplus, assim mesmo, em língua de gringo, que é para ficar mais fácil dizer que ninguém sabia de nada (ou, se alguém contou, não deu para entender). Enfim, está dada a ideia.

Todos juntos
Alberto Youssef, o doleiro preferido por nove entre dez envolvidos na Operação Lava Jato, acaba de unir as pontas de dois escândalos: em seu depoimento da segunda-feira ao juiz federal Sérgio Moro, citou o falecido deputado federal José Janene, do PP, como responsável pela lavagem de dinheiro do Mensalão – usando, para isso, o mesmo esquema com que Youssef trabalharia no Petrolão. A presença de Janene, do PP, trabalhando num esquema do PT, com participação de políticos das mais variadas legendas, mostra o caráter suprapartidário tanto do Mensalão como do Petrolão. Isso é o que torna as CPIs inúteis: tirando a parte teatral, em que suas excelências se mostram indignados, ninguém pode se aprofundar, para não prejudicar correligionários nem doadores de campanha. Mas o esquema parece ter desandado com a entrada nas investigações das autoridades norte-americanas (as ações da Petrobras são negociadas em Nova York). Se Mensalão e Petrolão estão unidos, os norte-americanos acabarão investigando os dois casos.

Quem é quem
Atenção para a entrevista em que Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, bateu duro em Dilma e em seu governo. Gilberto Carvalho é petista há mais tempo que Dilma, tem amplo trânsito no partido; e, mais importante que isso, é quem diz o que Lula pensa, mas não quer dizer pessoalmente. Gilbertinho é um dos petistas mais leais a Lula, e sabe o que fala.

Exemplificando
O colunista James Akel (http://jamesakel.zip.net/) lembra que Dilma, que prega o diálogo, jamais recebeu em audiência um dos parlamentares mais votados de seu partido, o senador Eduardo Suplicy. Nos seus quatro anos de Presidência, deixou Suplicy ao sol e ao sereno. É uma demonstração de que Gilberto Carvalho apontou problemas reais: a presidente pode achar que Suplicy é um chato, mas de qualquer forma é seu amigo. E jamais faltou à lealdade com ela.

Bandidos com bandidos
“Estarrecido” com a interferência da Venezuela em assuntos internos brasileiros, demonstrada pela obscura viagem de um importante ministro de lá para assinar convênios secretos com o MST? É só o começo: O Globo mostra que narcotraficantes que arrecadam fundos no Brasil e na Argentina para o grupo terrorista Hezbollah se aliaram ao PCC, que comanda o crime organizado em nosso País. A parceria Hezbollah-PCC, diz o jornal, se iniciou em 2006; e desde 2008 a Polícia Federal a investiga. Os narcotraficantes do Hezbollah fazem o contato entre crime organizado e mercadores de armas e, se presos, são protegidos pelo PCC.
Atribui-se a brandura do governo à falta de lei contra o terrorismo. Bobagem: traficantes são criminosos e podem ser presos, sem necessidade de lei específica.




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