Política Titulo Deficit
31% dos que têm direito
não recebem Bolsa Família

Número corresponde ao Grande ABC; segundo
governo federal, 32,4 mil grupos ficaram de fora

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
02/09/2013 | 07:00
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Montagem/DGABC


Das 105,6 mil famílias do Grande ABC que têm direito a receber recursos do programa Bolsa Família, do governo federal, 32,4 mil estão de fora da lista, o que corresponde a quantia de 30,7% de possíveis beneficiários. Ou seja, 73,2 mil grupos com renda per capita de até R$ 140 fazem parte do ranking de adesão ao projeto nacional. Esse levantamento por cidade, com dados de julho, foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que coordena o plano.

O município da região com maior adesão ao projeto federal de transferência de renda é é Mauá, governada por Donisete Braga (PT). De 13,8 mil grupos que teriam direito, 3.584 não recebem o benefício, o equivalente a 74,2% de favorecidos (veja arte ao lado). São 10.310 famílias devidamente inscritas no programa de combate à pobreza extrema e que paga, em média, R$ 70 por família.

Do outro lado da tabela está Rio Grande da Serra, chefiada por Gabriel Maranhão (PSDB). Na cidade do tucano, das 4.201 famílias que estão em condições econômicas para obter recursos do Bolsa Família, apenas 2.578 entraram na lista. A fatia representa 61,4% de adesão. Isso quer dizer que 1.623 poderiam se inserir no programa.

Os motivos são os mais variados. Desde a falta de informação das regras do projeto federal, falha na atualização do cadastro e quebra das normas.

Maranhão argumentou que desconhece a razão dos números. Segundo o tucano, o Paço fará levantamento para obter “raio X do problema de abstinência”. “Vou procurar a resposta para averiguar se a causa está no sistema de cadastro ou há falta de interesse em buscar (o benefício)”, disse, ao comparar que a adesão de mutirões de Saúde na cidade não é compatível com a demanda de fila reprimida.

Ribeirão Pires, de Saulo Benevides (PMDB), também se encontra na parte debaixo do arranjo. Das famílias que têm direito, 63,8% estão inscritas. Esse percentual compreende a 2.115 famílias de fora do total de 5.845 encaixados no modelo. Os números contrastam com Diadema, conduzida por Lauro Michels (PV), que está em segundo lugar: 71% de adesão. São 25,2 mil famílias dentro das possibilidades e 17,9 mil beneficiários. Isto é, 7.334 grupos não ficam contemplados pelo projeto.

A partir de 2011, o governo Dilma Rousseff (PT) instituiu a chamada busca ativa, que prevê o envio de equipes da assistência social às áreas mais carentes. O valor recebido varia de R$ 32 a R$ 306. O benefício básico, de R$ 70, é pago às famílias consideradas extremamente pobres, com renda mensal de até R$ 70 por pessoa. Por exemplo, se uma família, com pai, mãe e três crianças (cinco pessoas) não atinge R$ 700, esse grupo possui o direito de se cadastrar no programa federal.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estima que 1,6 milhão de grupos estejam na condição da ausência de atualização de dados. No País, o programa beneficia 13,8 milhões de famílias, com a transferência mensal de R$ 1,9 bilhão.


Números estão abaixo da média nacional

Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome registram que o Grande ABC está abaixo da média nacional de 75% de adesão das famílias que têm direito ao benefício. Se computadas informações dos sete municípios, o percentual chega a 69,3%. Mesmo assim, o índice regional é considerado alto dentro dos padrões gerais. Prova disso é que os números superam relatório levantado em relação ao Estado, que orbita em torno de 65,21%.

Santo André, administrada por Carlos Grana (PT), possui dados bem próximos aos paulistas. Das 22,8 mil famílias que se enquadram nos moldes, 15,3 mil são beneficiadas e 7.479 não recebem o direito – 67,2% de adesão. A gestão petista prevê aumentar para 25 mil inscritos. A proposta passa pela contratação de empresa para executar o cadastramento na periferia.

Outra cidade com números similares é São Caetano, de Paulo Pinheiro (PMDB), com 67,5% de cadastro. São 1.651 famílias com chances de receber a verba, enquanto 1.115 obtêm de fato os recursos – 536 estão sem repasse.

São Bernardo, por sua vez, é a que possui o maior número de contemplados: 22,1 mil famílias. Porém, esse dado representa a 69,5%, pois 31,9 mil teriam direito, ficando 9.732 de fora. O prefeito Luiz Marinho (PT) afirmou que o governo mantém trabalho gradativo com a determinação de localizar essas pessoas e, ao mesmo tempo, promover ações do Programa Oportunidade para retirá-las. “São portas de oportunidade. Para entrar e ser atendido pelo sistema e depois a próxima para ser atendida na inclusão do mercado de trabalho.”

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) frisou que a busca ativa federal consiste no apelo aos Executivos e entidades civis. Em fevereiro eram 71,2 mil beneficiários no Grande ABC.  




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