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Encontro histórico poderá ser visto na TV
Por Julio Ibelli
Especial para o Diário
27/08/2008 | 07:03
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Jô Rabelo\DGABC


Com exatamente uma hora de atraso, Roberto Carlos e Caetano Veloso subiram juntos ao palco do Auditório Ibirapuera anteontem, em São Paulo. O segundo show ocorreria ontem. O Rio de Janeiro, cidade natal do estilo, assistiu antes ao encontro histórico, na sexta-feira. As apresentações são o ponto alto das celebrações pelo cinqüentenário da bossa nova - ao lado da volta de João Gilberto aos palcos do País.

A curtíssima temporada do concerto, cujos ingressos colocados à venda há semanas pela internet se esgotaram em poucas horas, prestou homenagem a Tom Jobim, um dos responsáveis pela formatação da bossa nova, chamado ainda de maestro supremo pelo apresentador da noite, o crítico Zuza Homem de Mello.

As cortinas se abriram e Roberto e Caetano surgiram sentados cada um em um banquinho branco e cantando Garota de Ipanema para o público de 800 pessoas. No fundo do palco, cuja responsabilidade pela cenografia coube à cineasta Daniela Thomas, uma representação gráfica do rosto de Jobim, que servia ainda como tela para projeções bucólicas, bem ao estilo da bossa, como uma gaivota a voar, pegadas na areia da praia e árvores sacudindo ao vento, imagem propícia para acompanhar Águas de Março.

Antes de Wave, uma pausa para elogios mútuos entre as duas estrelas da noite, que em seguida deixam o palco para o neto de Jobim, Daniel executar sua parte com a orquestra. Ele usou um chapéu Panamá como óbvia referência ao avô homenageado.

Caetano entrou e acompanhado por uma orquestra com regência de Jacques Morelenbaum, interpretou, entre outras, Por Toda a Minha Vida, Ela é Carioca e a belíssima Meditação, que já havia gravado em seu álbum Prenda Minha. Caetano ainda lembrou da infância ao executar Caminho de Pedra.

"Essa música eu conheço de adolescente, de um disco de Elizeth Cardoso. Ouvia muito com Maria Bethânia. É muito bom cantá-la - modestamente, muito inseguramente, mas com muito coração", disse. Após mais uma canção, Caetano deixou o palco.

Roberto voltou e com Daniel Jobim interpretaram Lígia, um revival do encontro entre o Rei e Tom. Surgiram ao fundo imagens desse especial para a televisão em que Roberto e Jobim dividem a interpretação, quando a exibição foi interrompida, o Rei seguiu ao vivo.

Se fosse uma competição, o destaque caberia a Roberto, que, beneficiado pelo clima de emoção da noite, tirou vantagem do posto de cantor romântico definitivo da MPB. Uma posição cômoda, mas suficiente para eclipsar Caetano, que, em alguns momentos, ficou parecendo um convidado. Também colaborou a empatia de Roberto com o público.

O fator mais importante foi o contraste imposto pelo vozeirão do Rei. Já o bom-humor de Caetano aliviou a repetição de cacoetes (frases pseudo-filosóficas inacabadas, por exemplo). "Mas tem fim, sim. Tem que ter, bicho!", disse Roberto, no meio da letra de A Felicidade, após o verso que diz "tristeza não tem fim...", além de voltar a cometer erros vistos no show carioca. Nada significativo, pois tudo será editado para especial que a Rede Globo exibe no próximo dia 14.

Por Toda Minha Vida garantiu o primeiro momento com coro do público. A descontração da dupla rendeu o melhor momento da noite com Tereza da Praia. Se Todos Fossem Iguais a Você e Chega de Saudade encerraram o bis.




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