Setecidades Titulo
Gravidez entre jovens cai na região
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
20/08/2006 | 21:42
Compartilhar notícia


A taxa de adolescentes grávidas caiu 34% na região do Grande ABC no período de 1998 a 2005. Segundo levantamento divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, a queda foi maior do que a do restante do Estado, onde o índice caiu 29%. O resultado, de acordo com as administrações municipais, é mérito da eficácia dos programas de educação sexual e orientação médica voltados à população de mulheres com menos de 20 anos. Os números, porém, ainda são altos. Ano passado, foram registradas 5.711 gestações nessa faixa etária.

Para o coordenador do Caism (Centro de Atenção Integrada à Saúde da Mulher) da Prefeitura de São Bernardo, Rodolfo Strufaldi, a gravidez na adolescência é um problema de conscientização. “Nosso trabalho revela que a maioria das jovens conhece os métodos necessários para evitar a gravidez, mas não os utiliza. Como conseqüência, têm suas vidas transformadas de forma definitiva. Muitas param de estudar e chegam aos 20 anos com dois ou mais filhos”, afirma.

Médicos e psicólogos especializados no atendimento a adolescentes grávidas garantem que a realidade independe de classe social ou nível educacional das jovens. As dúvidas relatadas aos profissionais em encontros de orientação ou atendimentos médicos são as mesmas, seja na periferia ou nos bairros de classe média a alta. O mudança aconteceu no despertar da sexualidade. “Hoje, uma jovem tem relações a partir dos 14 ou 15 anos, em média”, comenta a coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da secretaria, Albertina Duarte Takiuti.

A especialista garante que os casos de gravidez precoce, muitas vezes, são resultado da baixa-estima e do frágil vínculo com o parceiro. “Ambos ainda são inseguros no relacionamento e, por isso, querem agradar um ao outro. Esse fato faz com que as meninas, principalmente, aceitem não se utilizar de métodos de prevenção, como a pílula e a camisinha”, diz Albertina.

Nesse sentido, a faixa etária que compreende os 10 aos 14 anos é a que oferece mais preocupação aos profissionais. O período revela mudanças físicas – observadas no próprio corpo das adolescentes – e também emocionais, tudo ao mesmo tempo. As informações, às vezes desencontradas, impedem com que as meninas aprendam a diferenciar os mitos e verdades relacionados ao sexo.

A possível falta de informação, porém, não pode ser usada como justificativa, já que, segundo a Secretaria da Saúde, 65% das adolescentes grávidas têm de oito a 11 anos de estudo. Além disso, muitas delas voltam a engravidar em períodos curtos: dois a três anos, em média. O quadro só será modificado a partir do momento em que as meninas passarem a ter perspectivas de futuro.

A coordenadora do Pampa (Programa de Assistência Médica e Psicossocial à Adolescência), da Faculdade de Medicina do ABC, Ismeri Seixas Conceição, afirma que muitas meninas ficam grávidas por escolha. “Às vezes, a perspectiva de ser mãe é a única. A falta de opções sociais leva as adolescentes a optarem pela maternidade, em um período muito precoce”, diz.

Para a ginecologista, as políticas públicas dedicadas à formação do adolescente devem priorizar a reflexão dos jovens. “Atendemos cerca de 300 jovens por mês, no ambulatório da faculdade. Desse total, 45% são gestantes na faixa da adolescência. Já fiz pré-natal em meninas de 11 anos. São casos raros, mas acontecem e exigem atendimento médico diferenciado, que inclui acompanhamento psicológico e social, além do médico. A linguagem usada pelos profissionais também é especial, aplicada para crianças”, conta Ismeri.

Em Santo André, as unidades básicas de saúde também oferecem atendimento especial para gestantes menores de idade. Segundo a coordenadora da saúde da mulher, Maria Inês Puccia, os profissionais são orientados a trabalhar ações educativas durante o pré-natal e preventivas após o nascimento dos bebês. “Quando os testes de gravidez das meninas apresentam resultado negativo, as unidades passam então a fornecer programas de conscientização”, diz.

A principal ajuda, porém, ainda é a prevenção, obtida por meio de ações de orientações direcionadas. “O jovem precisa compreender que o sexo, quando praticado com segurança, não oferece riscos, pelo contrário. A adolescente que usa camisinha e adere a outros métodos anticoncepcionais não precisa largar a escola nem as festas”, completa Albertina.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;