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Famílias permanecem
no abrigo José Fornari
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
13/04/2011 | 07:01
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O prazo estipulado pela Prefeitura de São Bernardo para remover 125 famílias do alojamento José Fornari venceu em 1° de abril, mas 38 delas continuam no local. Os moradores alegam dificuldades de encontrar imóvel para alugar por R$ 315, valor do bolsa aluguel.

Embora as famílias ainda vivam no alojamento, a administração iniciou ontem a demolição do bloco B, o primeiro totalmente desocupado. O cenário é de abandono: quem sai das unidades deixa para trás móveis, roupas velhas, restos de comida e animais de estimação. O Diário contou cerca de 20 cães e gatos nas imediações do terreno.

A remoção é necessária, pois as obras do CEU (Centro Educacional Unificado) Silvina ameaçam a estrutura fragilizada dos alojamentos. Em fevereiro, os suportes de madeira que sustentavam as caixas-d'água do terreno cederam durante a madrugada.

A Prefeitura informou que a expectativa é que as famílias saiam até o fim do mês. Segundo a administração, assim que todos os moradores deixarem o local, será realizada a imediata demolição dos blocos, que existem há pelo menos cinco anos.

Os moradores estão cadastrados em dois empreendimentos habitacionais: Silvina/Naval, que será erguido no próprio terreno do alojamento, e Vila Esperança. Ambos têm previsão de início para este ano e devem ser concluídos em 12 meses.

ALUGUEL
A auxiliar de limpeza Ana Paula Bagarin, 37 anos, e o marido desempregado José Renato Silva, 49, gastaram sola de sapato e tempo para tentar achar uma casa para alugar. Eles têm quatro filhos com idades entre 8 e 18 anos, e estão no alojamento há quatro anos.

"Está difícil encontrar um proprietário que aceite os R$ 315 da Prefeitura. E como a família é grande, fica mais complicado ainda", disse Ana Paula. O marido afirmou que donos de imóveis disponíveis para locação não confiam em quem vive no alojamento. "Acham que a gente não vai pagar."

INVASÃO
Para Silvana Araújo, a situação é ainda pior: ela admite que invadiu o alojamento há cerca de três anos, vinda do bairro Montanhão. "Não tinha para onde ir, meu marido me largou com três filhos e tive que me virar".

Hoje ela mora com o segundo marido, os três filhos dela e dois filhos dele, todos no alojamento. "A gente não sabe o que fazer. Será que vão me colocar na rua com cinco crianças?", questionou Silvada.

Segundo o líder comunitário Moisés Bispo dos Santos, há pelo menos três famílias nesta situação. "Elas vão negociar com a Prefeitura, mas não sabemos se serão atendidas", afirmou.




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