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Em oito meses, São Bernardo chega a 1.003 óbitos por Covid

Doença mata mais na cidade do que homicídios em uma década; munícipes reclamam de UBSs

Por Flávia Kurotori e Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
19/11/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/Casal é flagrado sem máscara na região central


Com cinco óbitos informados no boletim epidemiológico de ontem, São Bernardo chegou a 1.003 mortes causadas pela Covid, marca superada apenas pela Capital (14.067) e por Campinas (1.349), em todo o Estado. Como comparação, o número de vítimas fatais do vírus é maior do que as 681 pessoas mortas em homicídios em uma década no município, conforme dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado. Considerando que o primeiro falecimento em razão da doença na cidade foi em 28 de março, foram 125 óbitos por mês, em média.

O coronavírus é mais mortal em São Bernardo do que doenças cardiovasculares. Em oito meses de pandemia, o total de vidas perdidas foi superior aos 744 munícipes que morreram por AVC (Acidente Vascular Cerebral), infarto e causas cardiovasculares inespecíficas em 2019, segundo dados do Portal de Transparência do Registro Civil. A Covid causou mais que o dobro de mortes entre moradores de São Bernardo em relação a acidentes de trânsito em cinco anos, período em que 453 faleceram nas vias do município, de acordo com o Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo).</CW>

Uma das causas para o efeito devastador da doença em São Bernardo é a falta de estrutura nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), porta de entrada para os infectados. 

A dona de casa Ana Lúcia Oliveira, 45 anos, foi até a UBS Alvarenga fazer o teste da Covid no dia 4, seu marido, o motorista Osmar Teixeira, 40, fez o procedimento no dia seguinte. Em sete dias, o resultado de Ana ficou pronto, mas o teste do marido sumiu e ele precisou refazer. “Além de ficar na dúvida se está ou não com a Covid, se estivesse, poderia ter passado para muitas pessoas. Ou até mesmo, nos arriscamos em vir e refazer esse teste”, declara Ana Lúcia, que levou o filho, Victor Hugo, 14, para também ser avaliado. “Ficamos duas horas para fazer o teste”, reclama.</CW>

A vendedora Pamela de Oliveira, 26, também encontrou problema na unidade. Segundo ela, usuários que estão com suspeita da Covid entram pelo mesmo lugar de pacientes que buscam atendimento por outra enfermidade. “Me incomoda, pois fica todo mundo junto, um ou outro sempre acaba tirando a máscara e ficando perto, isso acaba piorando a situação, não tem jeito”, ressalta.

Na UBS Baeta Neves, os problemas continuam. A confeiteira Elizete Marcondes, 61, disse que tem medo de ir à unidade. “Sempre vejo pessoas entrando e comentando que estão com suspeita da Covid, os funcionários encaminham para outra entrada. Mas, antes disso, deveria ter uma placa, talvez, para que esse paciente entre em local que outras pessoas não estão com suspeita”, sugere.

A falta do uso de máscara também é frequente na cidade, tanto na periferia como nas regiões centrais. A Rua Marechal Deodoro e próximo ao Paço, áreas onde circulam muitas pessoas, a situação é alarmante e a equipe de reportagem do Diário não encontrou nenhum GCM (Guarda Civil Municipal), que é quem deveria fiscalizar o uso da proteção.

A Prefeitura justificou que foram realizadas 9.206 orientações quanto ao uso de máscara e 25 autuações. Além disso, disse que os pacientes suspeitos, ou confirmados com Covid, são atendidos na rede de saúde em sala específica exclusiva e na entrada da unidade é realizada a medição de temperatura. Com relação aos testes, segundo a administração, os exames são coletados de acordo com o tempo de sintomas apresentados pelo paciente e podem demorar de 3 a 7 dias úteis para ficarem prontos. O Paço destacou ainda a implantação de dois hospitais exclusivos para o tratamento da Covid-19: o Anchieta e o Hospital de Urgência.




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