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São Caetano lidera taxa de infecção do novo coronavírus

A cidade é a que tem o maior número de casos confirmados da Covid-19 a cada 100 mil habitantes

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
28/04/2020 | 00:01
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Pixabay


São Caetano é a cidade do Estado de São Paulo com a maior taxa de casos confirmados de Covid-19 por grupo de 100 mil habitantes. O ranking, que considera apenas os municípios com mais de 100 mil habitantes, foi elaborado pelo Diário com base em dados das prefeituras da região (informados até domingo), da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Outros quatro municípios do Grande ABC figuram entre as 20 maiores taxas do Estado. Comparando os números de São Caetano com outros municípios do Brasil, como Fortaleza (Ceará), Manaus (Amazonas), Belo Horizonte (Minas Gerais), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e Vitória (Espírito Santo), a taxa da cidade do Grande ABC só é menor do que a da capital cearense (veja dados ao lado).

Secretária de Saúde de São Caetano, Regina Maura Zetone justifica que os números do município são maiores porque também é maior a quantidade de testes que estão sendo realizados. “Somos a cidade que mais testa e por isso temos uma visão mais próxima da realidade, embora ainda estejamos longe do ideal”, afirmou.
Regina destacou que a Prefeitura tem aumentado o número de exames com a adoção de atendimentos em drive-thru, além dos que são realizados a domicílio e nos pacientes internados. “A nossa meta é testar 20% da população”, detalhou. A secretária ressaltou que aumentando a população que é testada, é possível a tomada de políticas públicas específicas para as regiões com maior incidência da doença e conseguir o tão falado achatamento da curva de contaminação. “Evitamos assim a sobrecarga do sistema de saúde”, completou Regina.

São Caetano tem 80% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados para o tratamento da Covid-19 ocupados. “Tem havido aumento nos casos graves, de pacientes com outras comorbidades”, relatou. “Temos que insistir nas medidas de distanciamento físico, porque, além da taxa de imunização na cidade ser de apenas 3% (pessoas que já tiveram contato com o novo coronavírus), não sabemos se essas pessoas podem voltar a se infectar”, completou.

Infectologista do Hospital  das Acácias de Santo André, Luiz Taveira pontua que os dados de mortalidade indicam que a pandemia segue avançando pela região. “Acredito que ainda não atingimos o pico da doença aqui e só não temos mais casos e mortes pelas medidas de distanciamento físico que já foram adotadas, pontuou. É preciso que as pessoas usem máscaras, lavem as mãos, higienizem-as com álcool gel e, se realmente for reaberto o comércio, que seja de forma paulatina e controlada”, opinou.

Professor de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Davi Rumel avalia que os números aos quais a imprensa tem acesso dizem pouco sobre a pandemia. “Os testes são poucos e nos dizem sobre casos de uma ou duas semanas atrás. É preciso saber se as pessoas estão tendo atendimento, qual o intervalo em que dobra o número de internações, por exemplo”, citou. O docente destaca que, além de testar mais, São Caetano tem número reduzido de habitantes. “O que sabemos, hoje, é que infelizmente não podemos ficar tranquilos na Região Metropolitana. O isolamento físico foi afrouxado na última semana, mas é só daqui a uma ou duas semanas que vamos sentir os resultados”, concluiu.

Cidades destacam ações contra pandemia

O avanço dos casos de Covid-19 no Grande ABC se dá mesmo com os esforços das prefeituras para conter novas contaminações. De maneira geral, todos os municípios estão seguindo a determinação estadual de quarentena até o dia 10, com fechamento de comércios e serviços não essenciais, suspensão de aulas, fechamento de parques, praças e proibição de eventos que possam causar aglomerações.

Santo André destacou, por meio de nota, que “os números são preocupantes e justificam ainda mais o isolamento físico, medida implementada tão logo a confirmação dos primeiros casos por contaminação comunitária foi anunciada”.

Também por nota, São Bernardo pontuou que a Prefeitura publicou decreto para proibição da circulação de idosos, que são um dos principais grupos de risco da Covid-19, que foi posteriormente derrubado pela Justiça. “A medida assegurava acesso a serviços essenciais, como hospitais, farmácias e unidades alimentícias.”
Diadema destacou que a cidade é conurbada ao município de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil. “Pela proximidade geográfica e pelo fluxo de pessoas entre os municípios, mesmo em tempo de isolamento social, é previsível que sejamos diretamente afetados”, justificou. “O município ainda segue em tratativas para montagem e operação de hospital de campanha e contratação de leitos em instituições privadas”, completou a nota.

Secretário de Saúde de Mauá, Luis Carlos Casarin destacou que os dados são muito dinâmicos e que as cidades dependem do que acontece nos municípios vizinhos. “Não balizamos nosso planejamento neste número, mas entendemos que o crescimento da cidade segue razoavelmente baixo e não temos deficit de leitos”, pontuou.

Em Ribeirão Pires, foram canceladas as atividades de comemoração ao aniversário da cidade (19 de março) e da 84ª Festa do Pilar e, por meio de decreto municipal, foi determinado uso de máscaras. A Prefeitura está finalizando a implantação de hospital de campanha, que será inaugurado amanhã e dará retaguarda para casos suspeitos ou positivos de Covid-19.  




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