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Crédito imobiliário privado zera na região

Estudo da USCS indica que instituições particulares não autorizaram empréstimo do tipo em 2019

Por Raphael Rocha
Yasmin Assagra
do Diário do Grande ABC
19/02/2020 | 23:30
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Divulgação


Os bancos privados reduziram a zero o volume de crédito imobiliário para o Grande ABC, contrastando com o acréscimo de oferta de instituições públicas à região.

Os dados estão presentes na 11ª edição da Carta de Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), formulada pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas e Empreendedorismo).

Redigido pela economista e mestre em economia pública Vivian Machado, o estudo mapeou o comportamento bancário no Grande ABC em 2008, em 2013 e em 2019, anos de crescimento da economia, crise nacional e mudança de governo federal.

Em 2008, o setor privado concedeu R$ 7,3 milhões em crédito imobiliário à região. Esse montante subiu para R$ 19,1 milhões cinco anos depois, mas foi zerado em 2019.

Em contrapartida, o volume em instituições públicas só cresceu. Passou de R$ 2,4 bilhões para R$ 8,5 bilhões entre 2008 e 2013. Depois, saltou para R$ 9 bilhões no ano passado. O acréscimo em 11 anos foi de 275%. As negociações públicas se concentram na Caixa e Banco do Brasil.

“O crédito ajuda no desenvolvimento. Bancos privados saíram desse tipo de crédito, a carteira zerou e, em 2019, 100% dos créditos imobiliários estão no banco público. Isso reforça a importância dos bancos públicos para proporcionar crédito para desenvolvimento e crescimento. Os bancos privados são mais conservadores na concessão do crédito”, discorreu Vivian.

No estudo, a economista diz que as instituições bancárias privadas deixam de cumprir um de seus papéis centrais, que é “promover desenvolvimento equilibrado nos sete municípios e atender ao interesses de suas populações, financiando o consumo das famílias e os investimentos em geral, seja das empresas ou dos governos”.

O descompasso entre a disponibilidade de linhas de crédito entre bancos públicos e privados na região também é visto na cartela geral de recursos – incluindo outras linhas.

Entre 2008 e 2019, caiu de R$ 8,5 bilhões para R$ 5,9 bilhões o montante de dinheiro emprestado por agências particulares. A queda no período foi de 30%.

Na contramão desse prisma, a cartela de crédito público cresceu nas sete cidades. Passou de R$ 5 bilhões há 12 anos para R$ 27,8 bilhões no ano passado. A alta foi de 455,1%.

Na comparação de 2013 (prenúncio da crise econômica) e 2019, o corte no volume de empréstimos privados foi ainda maior no Grande ABC, uma vez que, há sete anos, instituições particulares autorizaram R$ 10,3 bilhões em transações – naquele ano, órgãos públicos liberaram R$ 17,4 bilhões (veja cenário regional completo na arte acima).

AGÊNCIAS
De 2013 a 2019, a região viu 58 agências bancárias fecharem, a maioria delas privadas. Há sete anos, o Grande ABC contava com 389 postos físicos, sendo 278 de empresas particulares e 111 públicas. No ano passado, esse número caiu para 331 agências, 236 privadas e 95 públicas. 




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