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Cesta básica sobe mais que a inflação na região

Preço da lista de insumos cresceu 7,54% em 2019 e chegou a R$ 629,46, R$ 44,15 a mais do que em 2018

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
23/01/2020 | 00:02
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Denis Maciel/DGABC


O preço da cesta básica no Grande ABC subiu mais do que a inflação em 2019. Os consumidores pagaram média de R$ 629,46 no ano passado nas compras de itens essenciais, o que representa R$ 44,15 a mais do que em 2018 – ou seja, aumento de 7,54%. Em comparação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 4,31% no mesmo período. O câmbio foi o principal vilão das prateleiras e encareceu o preços.

O levantamento foi feito pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e considera a cotação de 34 itens baseados no consumo de uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

O dólar acabou influenciando diretamente nos três produtos que mais subiram em 2019: a batata, com variação de 77,1%, saindo por R$ 4,32 o quilo; o feijão, que subiu 58,6% e custa R$ 5,93 o quilo; e a cebola, que aumentou 4,16% e vale média de R$ 4,15 o quilo (veja mais na arte acima).

Engenheiro agrônomo responsável pelo levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto afirmou que a influência cambial atinge preço de insumos e até mesmo fertilizantes, que são cotados em dólar. “No caso da cebola, durante boa parte do ano ela vem da Argentina, e isso é impactado diretamente pela cotação do dólar. O feijão e a batata também tiveram uma questão de produção porque tivemos um inverno seco e prolongado, o que não favoreceu o plantio. O aumento do custo de insumos acontece diretamente com a alta do dólar. É só verificar que a maioria do preço dos hortifrúti subiu bastante porque, além do preço dos combustíveis, o adubo e muita matéria-prima, como os próprios defensivos, são cotados na moeda norte-americana”, disse.

Do total dos 34 itens, somente nove tiveram redução de preços na comparação com 2018. Percentualmente, a maior queda foi do extrato de tomate, que caiu 9,98% e tem o custo do pacote estimado em R$ 1,34. Também houve diminuição no valor do litro do leite longa vida (-6,41%) e do café (-6,27%).

Porém, conforme o especialista, os itens não ocupam o mesmo peso nas refeições da família porque são consumidos em menor escala do que os demais. Outros produtos considerados essenciais, como a carne bovina (leia mais abaixo) e o papel higiênico (alta de 10,03%), subiram, totalizando 25 itens com alta no ano passado.

“No caso do café, leite e molho de tomate, verificamos que há uma competição de preços. Isso porque cada vez há mais marcas competindo pelo mercado, ou seja, uma oferta gigantesca de produtos. Neste caso vem sendo bastante positivo para o consumidor. Porém, são produtos com menor peso no orçamento das famílias”, considerou Benedetto.

Para o especialista, por causa da época do ano, o verão, que demanda maior consumo de hortaliças, a expectativa é a de que os valores permaneçam em alta. “Se chover muito, o preço continua alto, porque atrapalha o cultivo e, no caso do feijão, ele pode embolorar dentro das vagens. Mas temos um ponto positivo: a chuva não castigou o Estado de São Paulo em janeiro. Se continuar assim, pode acontecer um recuo”, projetou.

Carne bovina deve continuar com valores altos em 2020

No fim do ano passado, a carne bovina foi um dos produtos que mais encareceram a cesta de compras do consumidor. De acordo com a pesquisa da Craisa, o preço da proteína aumentou 10,33% em 2019 na comparação com 2018 – e a expectativa é a de que os valores continuem a subir.

O coxão mole teve alta de 7,99% e chegou a uma média de R$ 24 o quilo no ano passado. Porém, em dezembro, ele era cotado a R$ 32,11, sendo que, em janeiro, foi vendido por R$ 22,64. A carne de segunda subiu percentualmente mais. O quilo do acém saiu pela média de R$ 17,07, alta de 10,33% em relação a 2018. O valor da carne foi influenciado diretamente pelo aumento das exportações para a China, país que sofreu com a peste suína e demandou maior quantidade da proteína brasileira.

Segundo o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto, a tendência é a de que os preços demorem a se normalizar ou permaneçam neste patamar. “A população cresce e o hábito de comer carne ainda é forte. Os custos do dólar, combustível e energia também influenciam no valor final, mas é uma cadeia de suprimentos bastante cara e o prazo não é como o da batata, por exemplo. É um ciclo maior para o boi chegar ao abate porque, depois que a fêmea dá à luz, essa etapa pode demorar até 18 meses. Em alguns casos, leva de dois a três anos para estabilizar a produção. Mesmo que o consumidor deixe de comprar, o restaurante não deixa, então o preço continua crescente.”

Para quem quer economizar, a saída é optar pelo frango. Mesmo com alta de 17,24%, sai por R$ 6,53 o quilo. “Ficar um dia da semana sem carne pode aliviar o orçamento”, sugeriu o especialista como alternativa.  




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