Setecidades Titulo Operação Chuvas de Verão
Chuvas deixam Mauá em alerta para risco de novos desabamentos

Plano preventivo da Defesa Civil indica ainda que Sto.André, S.Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra demandam atenção dos agentes

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
21/01/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


 A Operação Chuvas de Verão – que teve início no dia 1º de novembro e vigorará até 31 de março – estabeleceu que, devido às chuvas dos últimos dias, a cidade de Mauá está em situação de alerta e os municípios de Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra entraram em estado de atenção para o risco de deslizamentos e alagamentos. Conforme a Defesa Civil, os indicadores levam em conta volume de água acima dos 80 milímetros nas últimas 72 horas e presença de moradias em áreas de vulnerabilidade. 

O mapeamento utilizado pela Defesa Civil estadual para monitoramento leva em conta o material fornecido pelas administrações municipais. De acordo com o diretor adjunto do núcleo de gerenciamento de emergências da Defesa Civil do Estado de São Paulo, tenente Huerte, são quatro os indicadores possíveis: observação (quando há áreas de risco para deslizamento ou alagamento, caso de São Caetano e Diadema), atenção (chuva acima dos 80 milímetros), alerta (chuva e moradias que precisam ser desocupadas) e alerta máximo (risco de óbito). 

Huerte observa que, conforme os registros da Defesa Civil, choveu entre 34 milímetros (Mauá) e 126 milímetros (São Bernardo) nas últimas 72 horas. “Neste caso, os profissionais das defesas civis entram em campo para intensificação das tarefas, como vistorias em residências e alerta à população”, destaca.

De acordo com relatório preliminar divulgado pela Defesa Civil, o Grande ABC apresentou, até o momento, três relatos de ocorrências em Mauá e Ribeirão Pires. Nas duas cidades, cinco pessoas precisaram ser removidas de suas moradias.

Mauá construiu espaço que funciona como abrigo temporário para receber moradores que possam vir a ser prejudicados pelas chuvas de verão. A cidade tem histórico de tragédias, sendo que a última delas foi observada no início de 2019, quando quatro crianças morreram vítimas de deslizamento, e pelo menos 30 áreas consideradas de risco pela Defesa Civil, com 800 famílias instaladas nestes locais. O Diário apurou que o espaço, localizado no Jardim Zaíra, tem capacidade para receber cerca de 50 pessoas. 

Ainda não constam ocorrências nas categorias feridos, desaparecidos, óbitos e desabrigados. Na operação do ano passado, 1.797 pessoas precisaram ser desalojadas.

 

AÇÕES MUNICIPAIS

Mauá informou que realiza a Operação Guarda-Chuva, que executa a limpeza de bocas de lobo e retirada de dejetos das vias com incidência de enchente. Já a Operação Pé D’Água, em São Bernardo, realiza monitoramentos e atendimentos em áreas de risco, observando feições de instabilidade, como trincas e muros embarrigados. Em São Caetano e Diadema, as ações preventivas envolvem a coleta diária do lixo, limpeza de bueiros e, quando chove, monitoramento dos pontos de alagamento.

As demais cidades não responderam até o fechamento desta edição.


Moradores revelam medo em São Bernardo

Moradora há 26 anos da Vila São Pedro e proprietária de um brechó, Jacinta Leandro de Souza, 57 anos, destaca que ao lado de sua residência existe um barranco com histórico de desmoronamentos e enxurradas. “Estamos esperando uma tragédia acontecer. Já dormi várias vezes fora de casa com medo disso tudo cair. Precisamos de uma ajuda da Prefeitura urgente”, lamenta. 

A área carente de São Bernardo recebeu 150 técnicos das defesas civis da Região Metropolitana, em outubro do ano passado, onde foi realizada capacitação sobre os riscos. A equipe do Diário voltou ao local na tarde de ontem e ouviu moradores, que aguardam por obras de infraestrutura prometidas pela administração Orlando Morando (PSDB).

O aposentado Ademir da Silva, 87, comenta que, no mesmo bairro, outro barranco recebeu as devidas manutenções por parte da Prefeitura, no entanto, reclama do “esquecimento” em relação à área de risco ao lado da casa de Jacinta. “Se as casas de cima do barranco caírem, não dá tempo nem de correr. Se saírmos agora, vamos para onde?”, questiona o morador. 

O motorista Edson Alves, 54, lembra que o local sempre foi perigoso, inclusive com histórico de óbitos por causa de deslizamentos. Hoje, todos os moradores vivem com medo na região. “Foram prometidos reparos neste local, mas até agora nada foi feito. Quando chove, ficamos apreensivos e, se escutamos algum barulho, tentamos avisar os demais moradores”, comenta. 

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que o bairro foi contemplado com obras de contenção de riscos. “Na região, são quatro grandes obras de proteção, além dos mutirões com distribuição de materiais informativos e de orientação à população”, disse a administração. 




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