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Neymar brilha, Brasil avança

Atacante participa dos dois gols, desmonta defesa mexicana e garante vaga nas quartas de final

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
03/07/2018 | 07:00
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Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas


Para quem ainda tinha dúvidas, Neymar deu a resposta em campo. O craque foi o protagonista da vitória da Seleção Brasileira por 2 a 0 sobre o México, ontem, em Samara, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Com um gol e uma assistência, o craque desarticulou a defesa adversária e deixou a partida dolorido pelas oito faltas que sofreu, mas fortalecido para enfrentar a Bélgica, sexta-feira, às 15h, pelas quartas de final.

A melhor notícia para o brasileiro é que a Seleção não sobreviveu exclusivamente por conta do desempenho individual de Neymar. Willian, sobretudo pelo grande segundo tempo, Fagner e Thiago Silva, seguros, também tiveram grandes atuações. No fim, a diferença foi justamente o melhor conjunto do Brasil, que manteve bom nível técnico nos 90 minutos.

O início foi preocupante para o Brasil. O México surpreendeu com postura ofensiva, marcando a saída de bola e colocou a equipe de Tite em apuros. O meio de campo não conseguia prevalecer e a Seleção tinha de recorrer a ligações diretas. O grande problema é que Gabriel Jesus, apagado, não ganhou uma bola e os mexicanos esboçaram pressão, inclusive com a torcida gritando ‘olé’.

O entusiasmo do México diminuía com o cansaço e o Brasil prevaleceu desde o fim do primeiro tempo. Na etapa final, Neymar fez a diferença ao iniciar a jogada e completar cruzamento de Willian no primeiro gol. Depois, o craque chutou cruzado para Roberto Firmino fechar o placar e manter vivo o sonho do hexacampeonato.

Mexicanos caçam atacante brasileiro, que responde: ‘Falaram demais’

Os mexicanos sabiam do poder de decisão de Neymar e também conheciam o problema que ele tem no tornozelo direito. Sem cerimônia, caçaram o brasileiro e até pisão no local dolorido com a bola parada recebeu. Ainda assim, manteve a calma, já que estava pendurado e uma reação poderia acarretar no segundo amarelo. Foi participativo, distribuiu bons passes, anotou gol e deu assistência para o outro. Ou seja, fez o que o brasileiro esperava.

Eleito o melhor em campo, Neymar foi irônico ao ser questionado sobre o excesso de faltas. “Isso é complicado, não é uma coisa que cabe a mim. Só sofro a dor. Tomei pisão desleal, da minha parte acho que fora da jogada, fora do campo, acho que não pode. Mas é isso, eles falaram demais antes da partida e foram embora para casa”, provocou o atacante.

Apesar de centralizar todas as atenções, Neymar fez questão de dividir o mérito da classificação com o restante do grupo. “Não quero que seja a Copa do Neymar, quero que seja a Copa do Brasil. O coletivo é mais importante. Fico feliz por fazer parte deste grupo. Certeza de que este time pode chegar muito longe”, garantiu.

Imprensa internacional destacou a atuação do craque. O Bild, da Alemanha, publicou “Brasil vence com show duplo de Neymar”; já o Marca, da Espanha, escreveu: “Brasil voa alto com Neymar”.

Tite evita entrar em polêmica

Tite adotou tom diplomático ao analisar a vitória do Brasil e responder às críticas do técnico mexicano Juan Carlos Osorio à arbitragem e ao estilo de Neymar (leia abaixo). Para o comandante brasileiro, as imagens do pisão de Layún no jogador brasileiro são bem nítidas.
“Não vou responder ao Osório. Eu vi o lance. Todos que estão assistindo que tirem suas próprias conclusões. O vídeo está aí e a imagem a gente não questiona. Ele que assista e também tire sua própria conclusão”, comentou Tite.

De volta ao assunto Seleção, o treinador comemorou a previsão acertada da comissão técnica de que Neymar iria evoluir durante a Copa do Mundo. “Neymar ficou três meses e meio sem jogar uma partida. Em alto nível, isso é muito. Nós dizíamos que um atleta de alto nível precisaria de quatro ou cinco jogos para retomar seu ritmo. No jogo anterior a este ele jogou muito e repetiu o padrão de atuação pelo jogador de excelência que ele é”, comentou.

Tite enalteceu o comprometimento do atacante, que não reagiu às faltas sofridas, e o amadurecimento. “ Quando gastamos energia em outras situações que não seja jogar, ele perde o foco. Ele gosta de atuar, gosta do drible, às vezes tem incompreensão dos adversários porque é muito ágil, rápido. É pecado driblar no último terço? Buscar jogada individual? O técnico busca isso. Ao mesmo tempo procuram tirar foco dele. A responsabilidade dele é jogar, felizmente ele está entendendo e acatando”, elogiou o técnico.

Por fim, Tite evitou elevar as expectativas sobre a Seleção Brasileira e projeta muita dificuldade nos próximas partidas. “O nível que atingimos é para as quartas de final, equipe tem que consolidar e crescer. Não me atenho a favoritismo, essa mesma equipe que vencemos hoje (ontem) venceu, e bem, a Alemanha. Venceu, e bem, a Coreia. E estava melhor até tomar o gol da Suécia. Ela finaliza muito, puxa contra-ataque, tem a média mais alta de finalizações que dá ao adversário, mas fica jogo lá e cá. Rússia jogando bem. Controlando a Espanha, não passando por maiores adversidades, perigos, e passou com méritos. Está tudo muito aberto”, analisou.

Osorio dispara: ‘Futebol é jogo para homens’

O México cometeu 18 faltas – contra seis do Brasil –, sendo oito apenas em Neymar. Ainda assim, o experiente técnico Juan Carlos Osorio, ex-São Paulo, esbravejou contra a arbitragem. Como quem não sabe perder, o colombiano jogou a responsabilidade da derrota no estilo de jogo dos brasileiros e ainda deu declaração machista.

“É uma vergonha para o futebol que se perca tanto tempo com um jogador só. A perda da veemência com que jogamos o primeiro tempo tem muito a ver com a arbitragem. Os jogadores foram cansando das paralisações. Uma teve quatro minutos (pisão de Layún em Neymar). Não me parece bom exemplo para o futebol, para meninos que estão vendo. O futebol deve ser um jogo de virilidade, um jogo de homens.”
O treinador também responsabilizou o árbitro pelo resultado. “A arbitragem favoreceu o Brasil, protegeu seus jogadores, que procuraram as faltas. Houve muita marcação a favor deles. A posse de bola foi de 54% para o México, um jogo igual, que se definiu dentro da área. O segundo gol já saiu no fim”, avaliou Osorio.




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