Chute para longe seguido de bronca. Bola perdida e ordem para parar e repetir a jogada. Demora para realizar o passe e um sonoro grito. Essa foi a tônica do treino do Santo André de ontem, no primeiro coletivo comandado pelo técnico Rotta em seu retorno ao clube. Se antes o estilo calmo de Sandro Gaúcho imperava, desde terça-feira os jogadores têm outra realidade em campo, com as atitudes mais enérgicas do recém-chegado treinador.

A atividade começou por volta das 15h30. Eram quase 18h e alguns atletas ainda estavam no campo. Depois de duas derrotas no Campeonato Brasileiro da Série C o treinador já definiu: o sucesso só vem com muito suor. "Este é um grupo bom de trabalhar. Tem alguns jogadores que às vezes não assimilam a jogada e temos de chamar a atenção, mas tem que se impor com educação. São jovens de qualidade", afirmou Rotta.

Terminado o primeiro tempo do coletivo, o treinador aguardou a hidratação dos atletas. Neste meio-tempo o goleiro André Luís dirigiu-se até ele para falar sobre erros de posicionamento e alguns problemas sobretudo na parte defensiva. "O goleiro vê todo o time e tem de ter essa visão. Quando para, tem de tentar apontar os erros e corrigi-los", explicou o camisa um, que gosta do estilo de Rotta. "É uma boa coisa parar, acertar e tentar encontrar as falhas."

Nas derrotas para Caxias e Chapecoense, o Santo André foi superior, com mais posse de bola, inversão de jogadas e chances de gol. Em ambos, porém, viu os adversários aproveitarem as falhas e marcar os gols. Foram seis no total, três em cada duelo. E para resolver, Rotta deixou de lado o 3-5-2 e voltou ao 4-4-2, com as entradas de Negretti na meia-defensiva e o veloz Jefferson no ataque ao lado de Vanderlei, recuando Cristiano Brasília ao meio.

"É preocupante em dois jogos tomar seis gols. Por isso trabalhamos mais fechados, com um volante mais atrás. É preciso ter cuidado e atenção na defesa para não tomar mais gols e encaixar contra-ataques com velocidade", disse o treinador. "Não quero transferir a culpa, mas quando tem a chance, temos de matar lá na frente para ter tranquilidade atrás. Ao mesmo tempo, se não levarmos gol, damos tranquilidade a eles lá na frente. É preciso equilíbrio", concluiu André Luís.

Atletas da base completam elenco no primeiro coletivo

Cinco atletas da equipe sub-20 do Santo André participaram do treinamento de ontem à tarde, no Estádio Bruno Daniel. Com quatro jogadores entregues ao departamento médico, o técnico Rotta solicitou alguns jovens da base e deve manter dois deles treinando de forma fixa com o elenco.

O lateral Jeferson, os volantes Thiago Othon e Valkenedy, o meia Edílson e o atacante Matheus participaram da atividade e os dois últimos devem ganhar oportunidades de permanecer no grupo a partir de hoje.

"Estamos com o elenco reduzido. O Alemão, o Djalma, o Chiquinho e o William (Xavier) estão no departamento médico e ficamos com poucas opções", explicou o treinador. "Ele nos solicitou três atletas, mas como o Rotta gosta e olha a base, trouxemos cinco", disse o diretor de futebol Luiz Antonio Ruas Capella.

Edílson, inculsive, já foi integrado durante o Campeonato Paulista, marcou gol no empate contra o Ituano (1 a 1), mas por indisciplina havia sido relegado novamente para a base. Mas ontem, ganhou até elogios do comandante.

"Ele já esteve no grupo e mostrou ter qualidade boa", exaltou Rotta. "Cada um que demonstrar que tem condições, vai jogar. É necessário muita determinação", emendou o treinador.

Negretti ainda depende de documentos para estrear

A estreia do volante Negretti é muito aguardada pelo Santo André. Sandro Gaúcho esperou, esperou e acabou saindo do clube sem poder utilizá-lo. Rotta chegou e espera poder tê-lo em campo no domingo, contra o Caxias, pela terceira rodada do Brasileiro da Série C. O problema é um protocolo da Confederação Brasileira de Futebol que ainda não chegou.

"Nossa advogada disse que está tudo certo, mas todo cuidado é pouco. Não queremos correr riscos de escalá-lo e perder pontos. Mas amanhã (hoje) teremos uma novidade final. Nem que eu tenha de ir até lá (CBF, no Rio de Janeiro) resolver", afirmou o diretor de futebol do Santo André, Luiz Antonio Ruas Capella.

Apesar de regularizado no Boletim Informativo Diário desde 17 de junho, o Ramalhão segura a estreia de Negretti em função de uma regulamentação. "Se alguém provocasse que ele tem três transferências interestaduais, perderíamos os pontos com certeza. Ele jogou no Noroeste até fevereiro, foi para o Concórdia, para o Nacional do Paraná e depois para cá. Mas esta última a própria juíza disse que não seria contada, porque o contrato dele já havia acabado no Nacional. Mas vamos resolver", concluiu o dirigente.