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Famílias continuarão
no Barão de Mauá
Por André Vieira
Do Diário do Grande ABC
13/06/2011 | 07:00
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A Geoklock, empresa que realizou investigação ambiental no solo contaminado do Condomínio Residencial Barão de Mauá, no Parque São Vicente, em Mauá, garante que a área pode ser recuperada sem a necessidade de retirar as famílias que habitam os 54 blocos.

A proposta detalhada de remediação do terreno deverá ser apresentada em breve à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, ligada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A data do encontro não foi definida.

O conjunto foi erguido em área que no passado abrigou aterro industrial. Contratada pela Cofap, responsável pelo antigo lixão, a Geoklock analisou, por determinação do Ministério Público, as composições do solo, das águas subterrâneas e dos gases do terreno.

O laudo da empresa, elaborado entre abril e outubro de 2009, conclui que, dos 54 blocos de apartamentos, 44 se encontram sobre solo natural, cinco estão parcialmente sobre os resíduos e cinco estão completamente sobre os resíduos.

"Queremos resolver com o mínimo de intervenção, sem abrir mão dos objetivos e das regras de segurança", afirmou o diretor-presidente do Grupo Ecogeo, que reúne a Geoklock, Ernesto Moeri.

Além de aprimorar o sistema de ventilação e captação de gases que está em funcionamento, a empresa propõe utilizar nas áreas de contaminação mais grave um método conhecido como inertização de resíduos.

A técnica, explicou o diretor-presidente, consiste "na injeção de substâncias para inertizar, transformar o resíduo em uma massa" e, assim, diminuir a poluição, sem a necessidade de remover integralmente os materiais.

Moeri sustentou que essa modalidade já está sendo utilizada em áreas contaminadas de diversos países. "Essa é uma opção que estamos avaliando e vamos discutir para saber até onde isso pode ser aplicado."

Os custos e os prazos para a realização dos trabalhos ainda não foram estimados, embora a Geoklock garanta que a proposta é economicamente viável e possível de ser aplicada no solo do Barão de Mauá.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que também realizou análises sobre a contaminação do residencial e acompanhou os trabalhos da Geoklock, informou que "as alternativas de remediação propostas pela empresa precisariam ser reavaliadas, havendo a necessidade de apresentação de projetos executivos finais." A Cetesb foi procurada, mas não atendeu ao pedido de informações do Diário.

Acidente fatal revelou problema de contaminação

O drama dos moradores do Barão de Mauá já completou dez anos. Em abril de 2000, um acidente na antecâmara da caixa d'água subterrânea de um dos prédios revelou a concentração de gases tóxicos no local. A explosão matou uma pessoa e feriu outra.

No ano seguinte, a Cetesb divulgou relatório identificando a presença de 44 substancias poluentes no solo do condomínio, que tem 1.760 apartamentos. Segundo a Geoklock, a nova análise não apresentou avanços sobre a contaminação, o que é considerado positivo.

Em outubro do ano passado, o Tribunal de Justiça condenou as rés - a empresa Cofap, dona do aterro, e as construtoras Soma, SQG e Paulicoop, responsáveis pelo empreendimento - a indenizarem os moradores.

A Prefeitura de Mauá, inicialmente citada no processo, foi inocentada. Ainda cabe recurso à sentença, que pode parar em instâncias federais do Judiciário.

Apesar da garantia de indenização no valor do imóvel, R$ 51,5 mil, a decisão não contempla reparações por danos morais, que os moradores ainda brigam na Justiça.




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