Na terceira decisão na Arena, o Corinthians caiu novamente perante os seus torcedores. Esperado durante mais de um século, o estádio parece não assustar ninguém, afinal, foi em Itaquera que o Timão acabou eliminado do Paulistão pelo Palmeiras, da Libertadores pelo Guaraní, do Paraguai, e ontem, pelo Santos, nas oitavas de final da Copa do Brasil, ao perder por 2 a 1.

O resultado foi mais do que justo, retratou o enorme domínio do Peixe e renovou o ânimo do torcedor santista, que vê o time ressurgir na temporada e partir embalado em boas condições nas duas competições.

Tite desmontou o meio de campo do Corinthians. Se já não tinha Jadson, ainda poupou Elias e inventou Bruno Henrique como um falso meia. Matheus Pereira, 17 anos, que fazia apenas o segundo jogo como profissional, foi encarregado de armar as jogadas, comprovando a limitação do elenco corintiano. Não deu certo.

Apesar de pressionar no começo e arriscar chutes perigosos contra o gol de Vanderlei, bastou o Santos colocar a bola no chão para destruir o sistema defensivo do Timão.

Lucas Limas não era incomodado, tomou conta da faixa central do gramado e tinha dois rápidos atacantes atuando nas costas dos laterais do Corinthians. Desta forma, aos 14, o meia enfiou grande bola para Geuvânio, que cruzou rasteiro para Gabriel abrir o placar.

A vantagem do Santos, que já era boa, ficou mais confortável. Nem a lesão de Gabriel, que precisou ser substituído por Marquinhos Gabriel, abalou.

Acuado e perdido, o Corinthians só arrancou um suspiro do torcedor. Aos 26, Renato Augusto enfiou a bola entre as pernas de Thiago Maia e chutou à direita, em lindo lance.

Tite, que tinha Elias no banco, optou por Cristian na vaga de Bruno Henrique, deixando claro que nem ele mesmo acreditava em uma reação.

Nada mudou no segundo tempo. O Santos, tranquilo, dominava a partida e chegava como queria ao gol defendido por Cássio. Mesmo sem forçar, aos 20, o Peixe ampliou em lance bem parecido com o do primeiro gol, desta vez concluído por Ricardo Oliveira.

Assim que a bola entrou, muitos corintianos decidiram ir embora e nem viram Romero, aos 27, diminuir ao aproveitar vacilo de Lucas Lima.

O gol animou o Timão, mas foi insuficiente para apagar a má impressão deixada de um lado nem brecar a euforia do outro.

Corintianos agora miram o Brasileirão

Sacudir a poeira, dar a volta por cima e voltar as atenções para o Campeonato Brasileiro. Essas foram as mensagens deixadas pelos corintianos após a derrota por 2 a 1, em casa, para o Santos que causou a eliminação da Copa do Brasil.

Um dos mais conscientes da equipe, o meia Renato Augusto, recomendou calma. “Agora temos de levantar a cabeça. Temos de assimilar essa pancada forte que tomamos e saber que nem tudo está errado. Perdemos para um time que jogou melhor. Agora nos resta concentrar no Campeonato Brasileiro”, comentou.

O volante Elias, que viu todo o jogo do banco de reservas, encontrou um lado bom na derrota. “Claro que queríamos a vitória, ainda mais por conta do torcedor, que fez sua parte, veio em grande número, mas não conseguimos. Temos de aproveitar e descansar bastante, recuperar para manter foco no Campeonato Brasileiro”, recomendou o jogador, que perdeu a chance de ser avaliado pelo técnico Dunga, da Seleção Brasileira, que estava na Arena em Itaquera para fazer observações.

Santistas enaltecem trabalho de Dorival

Os jogadores do Santos deixaram o gramado da Arena cientes do grande jogo que fizeram ontem. O discurso parecia ensaiado, não faltaram elogios ao trabalho do técnico Dorival Júnior e a consciência de que a caminhada nesta temporada ainda é grande.

“Estamos fazendo de cada jogo uma decisão. Sabíamos que precisávamos atuar 100% para vencer o Corinthians e conseguimos”, comentou o lateral-direito Vitor Ferraz, que dividiu os méritos com o treinador. “Dorival trouxe uma nova filosofia, impôs seu estilo, vem somando e agradecemos por ele ter vindo e as coisas estarem dando certo”, acrescentou.

Um dos grandes nomes da partida, o atacante Ricardo Oliveira não se mostrou surpreso com a evolução do Santos. “Nunca contestamos nossa capacidade, sempre com muito respeito aos adversários, mas sem duvidar do que podemos fazer. Hoje (ontem), tivemos um desempenho coletivo fantástico, neutralizamos o meio de campo deles, fechamos bem lá atrás e matamos o jogo. Agora precisamos manter os pés no chão”, avaliou.