Memória Titulo História
Os passos até chegar ao rádio

Nesta 2ª Semana São Caetano, o ator Mario Jorge Montini

Por Ademir Medici
10/08/2015 | 07:00
Compartilhar notícia


 “Vejo, com os olhos da memória, todo aquele passado de fé e devoção. Parece-me sentir o odor daquele tempo! O cheiro do incenso... o perfume das flores ofertadas pelas crianças”.

Cf. Manoel Claudio Novaes, Nostalgia, crônica Encantos de Maio (PMSCS, Editora Meca, 1991)

 

Nesta 2ª Semana São Caetano, o ator Mario Jorge Montini. Incontáveis novelas na Rádio São Paulo, mais de 1.000 trabalhos de dublagem na televisão. Marca nos seriados. E é em forma de seriado, em resumidos capítulos, que contamos a sua história aqui em Memória. Afinal, a vida de todos nós é uma grande e fascinante novela.

Gravador ligado, o moço de São Caetano vai contando...

 

Novaes e o ponto

Entre as primeiras peças que interpretei em São Caetano estava Vem, Segue-Me. Fazia o Isaac. Lembro até trechos. Decorava aquelas falas antigas, de vários autores. Um deles era o Manoel Claudio Novaes. Foi meu primo e padrinho. Chegou a me ensinar taquigrafia. No teatro, ficava no ponto.

 

Uma escola particular

Havia uma escola particular chamada Lorento Ramos. Ficava na Rua Baraldi, Centro de São Caetano. Eu não tinha dinheiro para pagar a mensalidade. Mas era bom datilógrafo. Conseguia bater 80 palavras por minuto. Passei a ensinar os outros alunos. Terminava de estudar e permanecia algumas horas a mais na escola, ensinando datilografia. Só assim dei continuidade aos estudos.

Eram dez ou 12 máquinas: Remington, Continental...

 

Uma escola na igreja

Por esta época foi aberta uma escola na igreja Sagrada Família. Guerino Ferrari era o diretor, Rochinha (Flavio Scarlate Rocha) o professor de Matemática.

– Bom, Mário, você pode ir embora porque isso aí você já sabe – dizia o Rochinha.

De fato, eu gostava de Matemática, guardo até hoje as regras da fração ordinária.

 

Primeiras colocações

Meu primeiro emprego foi na Barile. Depois meu tio Acácio Novaes, pai do Manoel Cláudio Novaes, me arrumou na Rayon Matarazzo, que mantinha uma oficina mecânica fina, aqueles tornos e brocas de primeira. Eu havia estudado desenho mecânico em Santo André. Comecei a praticar na lima. E tinha o apoio do meu mestre, Brazerki, um húngaro, que tropeçava no idioma português.

– Você quer tirar o ‘palito’ – dizia ele, querendo pronunciar ‘paletó’.

Ele me dava os aumentos salariais. Enviava as requisições para o tio Accacio, chefe da seção pessoal. Em certa hora, meu tio faz uma observação:

– Não posso dar mais aumento, porque ele vai ganhar mais que os oficiais da mecânica. Só se ele passar a desenhista mecânico.

A proposta não interessava ao mestre húngaro. Na nova função eu teria que deixar o seu departamento. E ele me queria próximo, pois era eu quem fazia todo o serviço. Eu consertava manômetro, pirômetro, termógrafo, máquina de escrever, relógio. Eu gostava daquilo. Só o cheiro lá fora que era horrível. Quando precisava entrar na fiação, aquele cheiro tomava os meus poros.

Então meu irmão Cássio me levou para a Texaco, onde era gerente. Passei a ganhar bem mais. Meu pai me acompanhou na despedida da Rayon. Permaneci um ano na Texaco, até ser cortado: não podia haver dois irmãos na mesma firma.

 

Rádio São Paulo. Avenida Angélica

Estava desempregado agora. Então minha mãe me aconselhou:

– Por que não vai à Rádio São Paulo fazer um teste? Estão chamando.

Peguei um bonde camarão daqueles fechados na Praça João Mendes e me desloquei para a Avenida Angélica, 430. A emissora ficava no último quarteirão. Não tinha referência alguma, não conhecia ninguém.

Um rapaz vê a minha indecisão. Ernesto de Oliveira, irmão do Mauricio de Oliveira, que depois foi meu padrinho de casamento.

Disse ao Ernesto que procurava pelo Augusto Barone, o chefão lá na Rádio São Paulo. Fui atendido.

– Quero fazer um teste.

Venha no sábado, às duas horas.

 

Em 10 de agosto de...

O inspetor escolar Domingos de Paula e Silva realiza visitas às escolas do município de São Bernardo.

A guerra ítalo-austríaca. Do noticiário do Estadão: ‘A ação da artilharia italiana no Cadore, Carso e Tonale’.

1930 – Benedicto de Lima reassume o exercício do seu cargo de contador municipal em São Bernardo, após licença.

O momento político. Em São Paulo, Ferreira Rosa, chefe de polícia, chama um dos diretores do Estadão, em seu gabinete, e insinua que o jornal deveria modificar a linguagem dos editoriais.

Nota – O Estadão criticava o modo com que ocorrera as últimas eleições nacionais, repletas de fraudes na vitória de Julio Prestes sobre Getúlio Vargas à Presidência da República. O delegado Rosa, anos depois, seria nomeado prefeito de Santo André.

970 – Começam cursos gratuitos de Português e Matemática no Grupo Escolar Professora Emília Crem dos Santos, no Parque das Américas, por iniciativa da SAB do Jardim Itapark, em Mauá.

Atuam como voluntários os professores Gilberto Gomes Garcia, Benedito Edson Guimarães, Vilma Orta de Lima e Manoel Amaro de Lemos.

 

Hoje

Dia da Enfermeira (em homenagem a Ana Nery, voluntária da Guerra do Paraguai)

 

Santos do Dia

Na estampa, São Lourenço, mártir. Foi o primeiro dos sete diáconos a serviço da Igreja de Roma – depois do papa, era ele o responsável pela Igreja. Morreu em 10 de agosto do ano 258. Os romanos ergueram, ao longo do tempo, tantas igrejas em sua homenagem que nem mesmo São Pedro e São Paulo, os padroeiros de Roma, possuem igual devoção.

Deusdedit

Mercês

 

Município Paulista

Castilho. Fundado em 10-8-1937. Elevado a município em 1954, quando se separa de Andradina.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;