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Exportações registram leve melhora no Grande ABC

Comércio de pneus, resinas plásticas e autopeças
puxa reação nas cidades de Santo André e São Caetano

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/12/2009 | 07:00
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As exportações no Grande ABC seguem em ritmo lento. Se por um lado as vendas ao Exterior em novembro apresentaram crescimento de 4,3% em comparação a outubro, alcançando US$ 441,6 milhões, por outro, no acumulado do ano, a queda é de 38,6%, atingindo US$ 4 bilhões. Em relação ao mesmo mês de 2008, quando foram comercializados US$ 546,7 milhões, o desempenho de vendas ao Exterior é 19,2% menor.

A discreta reação no comércio exterior da região em novembro foi observada somente em Santo André (alta de 41,9%) e São Caetano (incremento de 37,9%). O movimento foi impulsionado, respectivamente, pela venda de pneus e resinas plásticas - itens produzidos pela indústria petroquímica, por exemplo, polietileno - e de autopeças - como itens para motores de explosão e eixos para veículos.

O comércio de automóveis, assim como a maior parte dos produtos manufaturados exportados pelo Grande ABC, como partes e acessórios de veículos, ainda não se recuperou. A produção segue aquecida por conta da demanda no mercado interno, gerada pelas políticas de desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Na avaliação do coordenador do curso de economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, o câmbio desfavorecido ainda é um dos grandes entraves para a recuperação das vendas ao Exterior. "Diversos segmentos da economia têm apontado como câmbio ideal entre R$ 2 e R$ 2,10", conta. Hoje, a divisa estrangeira está na casa de R$ 1,70.

"Desta forma, o setor exportador segue perdendo mercado para os produtos asiáticos", complementa o diretor do Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro.

Mesmo com o governo já taxando com 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) os investimentos estrangeiros, o dólar ainda segue em baixa. Ribeiro acredita que se as exportações seguirem deprimidas, o governo pode elevar o percentual do tributo.

Para melhorar a competitividade e brigar por um espaço em meio ao cenário de retração das economias internacionais, Funcia defende que é hora de aproveitar o dólar baixo e modernizar o parque produtivo. "O momento é favorável às importações. Então, os empresários têm de reciclar o maquinário, o que favorecerá a valorização do real frente ao dólar (se as importações crescerem bastante, o dólar começará a ficar mais caro)."

Para Ribeiro, de fato são necessários mais investimentos para tornar a retomada das exportações mais eficaz. "Não se pode trabalhar com o setor industrial no limite de sua capacidade. E somente incentivar o consumo interno não adianta, pois quando a demanda externa voltar, quem não estiver preparado para produzir vai gerar aumento dos preços, o que pode contribuir para elevar a inflação".

A expectativa é que a retomada se dê a partir do terceiro trimestre de 2010.

Santo André e São Caetano sobem no ranking de exportação

No Grande ABC, a discreta reação no comércio exterior de outubro para novembro fez com que Santo André e São Caetano subissem posições no ranking dos maiores exportadores do País. Santo André passou de 55º para 54º, e São Caetano, de 84º para 78º.

São Bernardo, por sua vez, manteve-se na 9ª posição. Assim como Diadema, ainda em 134º e Ribeirão Pires, em 184º. Rio Grande da Serra caiu nove posições, para 1.184º e Mauá recuou duas, para 110º.

Em Mauá, entretanto, o empresário José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, fabricante de matéria-prima para filmes plásticos, não observou retração nas exportações. "Não senti problemas para vender ao Exterior porque o produto é voltado à área alimentícia, setor que não foi muito atingido com a crise econômica", justifica.

Do total produzido pela Vitopel, 23% seguem ao mercado externo, principalmente aos EUA.

Ainda assim, Coelho acredita que a carga tributária incidente sobre as exportações contribui para reduzir a competitividade das empresas nacionais. O valor dos produtos tem de embutir impostos como IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), valores que deveriam voltar ao exportador, mas que não são reembolsados. (Colaborou Leone Farias)




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