Economia Titulo Cenário
Greve pode custar R$ 90 milhões de prejuízo de produção à Prysmian

Sindicato dos metalúrgicos e trabalhadores pretendem acampar na fábrica

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/12/2013 | 07:00
Compartilhar notícia


 A greve na fábrica de cabos e fios da italiana Prysmian em Santo André entra hoje no 19º dia. Com isso, a empresa pode ter deixado de produzir e entregar, aproximadamente, R$ 90 milhões. A estimativa é baseada em informações obtidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.

 

Os trabalhadores resolveram cruzar os braços após falta de acordo com a companhia em relação ao abono salarial. Os cerca de 250 funcionários reivindicavam benefício no valor de R$ 2.000, mas a empresa negou. O resultado foi a paralisação. E, atualmente, o caso está para apreciação do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo). No entanto, ainda não houve publicação da data do julgamento. Hoje, o sindicato realiza assembleia na unidade às 7h30.

 

Os cerca de R$ 90 milhões levam em conta números aproximados sobre as encomendas da Prysmian que o sindicato teve acesso.

 

CONTAS - Em média, a empresa produz, para atender a demanda, 1.200 toneladas de cabos por mês. “A maioria deles é de alta-tensão e muito caras”, destacou o diretor executivo do sindicato, José Roberto Vicaria, mais conhecido como Jacaré.

 

Hoje, a greve atinge 19 dias, portanto, o equivalente a 63,3% de um mês com 30 dias. O mesmo percentual sobre a fabricação média resulta em 760 toneladas que deixaram de ser fabricadas.

 

Segundo Jacaré, apenas a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e a Eletropaulo consomem cada uma, em média, 20 bobinas (conhecidas também como carretéis de fios) de cabos de alta-tensão especiais, cada uma com pesos entre quatro e 12 toneladas e com valor de R$ 1 milhão, em média. “Cada uma tem quase 600 metros de cabos de cobre”, explicou o sindicalista.

 

Como esses materiais são maioria na produção, conforme apurou a entidade, a grosso modo a falta de fabricação de 760 toneladas resultaria em perdas de aproximadamente R$ 90 milhões para a companhia.

 

Além das duas empresas do setor de energia, Jacaré destacou que há encomendas previstas para a Petrobras, para o novo Estádio Nacional Mané Garrincha, de Brasília, e para obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

 

Procurada ontem, a Prysmian preferiu não falar sobre a situação, mesma posição que manteve durante toda a greve.

 

ACAMPAMENTO - Sem sucesso nas tentativas de contato para iniciar novas negociações extrajudiciais, o sindicato, junto a vários trabalhadores, pretende acampar em barracas na frente da Prysmian. “Será uma forma de tentar forçá-los a tomar uma decisão”, disse Jacaré.

 

Como o recesso na Justiça brasileira está previsto para ter início no dia 19, a entidade está preocupada com o tempo que o TRT-SP está levando para divulgar uma data para o julgamento da greve e do benefício.

 

Por isso, outra forma de pressionar a empresa italiana será expandir a greve para outra unidade da companhia, localizada em Sorocaba. “Estamos aguardando um contato da Prysmian. Mas os trabalhadores daquela unidade estão solidários com as nossas reivindicações e prontos para tomar uma decisão sobre paralisar as atividades por lá na sexta-feira (hoje).”

 

O sindicato descarta a hipótese de a fabricante de cabos deixar o problema se estender por tantos dias porque teria a intenção de deixar o Grande ABC.

 

“Não tem como eles fazerem isso. Os cabos especiais são fabricados aqui. Eles não têm máquinas como as que estão instaladas na planta de Santo André. Portanto, essa ideia está descartada”, explicou Jacaré.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;