O cineasta britânico Peter Greenaway já anunciou, mais de uma vez, que o cinema está morto. Adepto das novas tecnologias, ele acredita que sempre haverá público para filmes produzidos pelo sistema antigo, mas a ruptura é inevitável. Para comprovar sua tese, ele criou o projeto Tulse Luper Suitcases, no qual trabalha os limites expandidos do cinema. É o que ele vai demonstrar neste domingo, a partir das 20h, na área externa do Sesc Paulista.

Na função de VJ, Greenaway, diretor de O Livro de Cabeceira em que utilizou, na época (1996), a mais avançada tecnologia de definição de imagem, vai editar um filme ao vivo, escolhendo as cenas que serão projetadas em uma tela grande a partir de 12 opções, emitidas em telas pequenas. Utilizando um sistema especial em que a edição é feita com apenas um toque de dedo, o diretor vai estar acompanhado de um DJ, que também escolherá a trilha sonora em tempo real.

O Tulse Luper Suitcases reconstrói a vida de Tulse Luper, escritor galês que passou a vida em prisões – a última notícia a seu respeito data de 1989.

Sua trajetória é recontada a partir de uma evidência: 92 malas que foram encontradas ao redor do mundo. “Ele era um prisioneiro profissional”, comentou Greenaway em entrevista, por telefone, antes de sua viagem ao Brasil.

“A mala é, para mim, uma importante metáfora sobre o final do século XX, época em que a humanidade se movimentou como nunca. Basta observar uma estação de trem na China.”