Setecidades Titulo
Calor traz 'salvinia' de volta ao braço Rio Grande da Billings
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
11/11/2004 | 09:23
Compartilhar notícia


A Salvinia s.p. está de volta. Há pouco mais de duas semanas, a força-tarefa entre homens das prefeituras banhadas pela represa Billings e da Sabesp, que contou com a ajuda decisiva de máquinas na reta final do trabalho, foi suspensa por ter conseguido combater praticamente 100% da planta aquática. Nesta quarta, no entanto, a praga já tomava conta novamente de parte do braço Rio Grande da represa. Da rodovia Anchieta, na altura do Km 29, em Riacho Grande, São Bernardo, via-se um mar verde que mais parecia um campo de futebol.

A salvínia também voltou a se alojar próximo à estação elevatória da Sabesp, também no braço Rio Grande, mas do outro lado da Anchieta (lado direito de quem está descendo a serra). "Isso é uma praga mesmo. Acabou com o lazer de muita gente e com o ganha-pão de quem dependia da pesca para sobreviver", reclamou Valter Santos, dono da única barraca de venda de itens para pesca que continua montada na barragem. Antes da salvinia, existiam seis barracas.

Procurada pela reportagem, a Sabesp demonstrou surpresa ao ter conhecimento de que a planta - que apareceu na represa em agosto e, por cerca de três meses, se proliferou desordenadamente pela Billings - voltou. Nesta quarta mesmo, técnicos da empresa estiveram no local para confirmar a informação. A empresa alegou que ainda não pode retomar o trabalho de retirada porque, no decorrer do dia, a planta se espalha pela represa. Para reiniciar o trabalho, os funcionários terão de, antes, agrupar a salvinia próximo à barragem para conseguir retirá-la e, depois, encaminhá-la para o aterro no bairro Demarchi, em São Bernardo. A Sabesp não revelou quando reiniciará a força-tarefa.

A Sabesp, porém, retomou o discurso de que, por não se tratar de um tipo de alga, a planta não causa danos à qualidade da água que abastece cidades do Grande ABC. Segundo informou, por meio da assessoria de imprensa, a proliferação da salvinia tem relação com a elevação da temperatura.

Entretanto, a justificativa não foi apresentada com base em laudo técnico. Quatro meses se passaram desde o surgimento da praga e a Sabesp ainda não divulgou resultados de testes que comprovem que a salvinia não altera a qualidade da água ou requer mudanças no processo de tratamento para abastecimento. O braço Rio Grande da Billings é responsável pelo abastecimento de 1,2 milhão de pessoas - toda Diadema e parte de São Bernardo e Santo André.

As ONGs (Organizações Não-Governamentais) Terra Viva (São Bernardo) e o Instituto Acqua (Ribeirão Pires) acreditam que a proliferação da planta esteja ligada ao despejo de esgoto de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra na represa. Mas, assim como a Sabesp, não apresentam testes que comprovem a afirmação.

Limpeza - Para conseguir combater a praga, a Sabesp havia investido em maquinário e mão-de-obra: esteira aquática, escavadeiras, barcos e 12 homens trabalhavam diariamente na retirada da planta. A esteira agrupava e levava a salvinia do centro para as margens da represa. A máquina tornou mais rápida a coleta e o recolhimento diário, que era de oito caminhões antes de sua instalação e passou para 20. A esteira fazia o papel de 20 homens.

Por causa do retorno da praga, nesta quarta, apenas no período da tarde os pescadores tiveram condições de ocupar trechos das margens do braço Rio Grande para pescar. "De manhã, era impossível. Estava como no começo (em agosto). A gente não conseguia ver a água", contou um deles.

Segundo comerciantes das proximidades, a planta voltou a se aglomerar próximo à barragem desde o último fim de semana. "Acho que é porque os dias estão quentes e há ainda o problema do vento. Desde domingo, venta muito e é um vento que vem do litoral. Acho que essas plantas já estavam na represa, mas se espalharam e agora estão voltando a se aglomerar", arrisca um comerciante.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;