Entidade filantrópica, fundada em 1949, abrigou 15 mil pessoas em sete décadas de funcionamento
Sete décadas de história, 15 mil pessoas beneficiadas até agora e a vontade de ajudar ao próximo em um dos momentos mais delicados da vida: a velhice. Este é um resumo do trabalho realizado pelo Abrigo Mãe Tereza, em São Caetano, que completará 70 anos de atividades no dia 12 de dezembro.
Fundado em 1949, o espaço se mantém com pagamento de mensalidade por parte de internos que contam com aposentadoria ou algum benefício social – a instituição recebe 75% deste valor –, doações e pequena subvenção municipal e abriga, atualmente, 62 idosos com mais de 60 anos.
Por lá já moraram e ainda vivem cidadãos de diferentes cidades e países. O local já teve capacidade para receber até 120 moradores, mas devido a mudanças promovidas pela Vigilância Sanitária do município, hoje tem capacidade máxima para 75 pessoas. A lista de espera não é pequena. “Recebemos pessoas encaminhadas pelos serviços de assistência social, ou quando nos avisam que tem algum idoso na rua, ou em hospitais”, explicou a presidente Sandra Montanheiro, que desde 1982 está na instituição.
Segundo ela, também são comuns os idosos que chegam encaminhados por delegacias ou pela promotoria do idoso, após sofrerem agressões e maus-tratos por parte de familiares.
O abrigo foi fundado por Vitório Celio Montanheiro, sogro de Sandra, que ficou na presidência por 49 anos. Após a sua morte, o filho e marido da atual presidente, Sergio Edgard Montanheiro, assumiu o posto, onde ficou até 2013, quando também faleceu. “Após cerca de dois anos assumi o cargo de presidente. Já havia sido conselheira, diretora. Eles (idosos) são parte da minha família, amo poder ajudar essas pessoas”, afirmou Sandra.
CRISE PREJUDICA
A dificuldade em manter a instituição, que conta com 42 funcionários entre cuidadores, enfermeiros, nutricionista, fisioterapeuta e médicos e oferece seis refeições diárias, além de todo tipo de assistência necessária aos idosos, é cada vez maior. “Promovemos chá-bingo e mantemos bazar permanente, mas a gente percebe que a crise tem afetado todo mundo. Caiu o número de sócios mantenedores, as doações são cada vez mais raras, tem sido bastante difícil”, lamentou a presidente.
Entre os idosos abrigados, cerca de 70% têm nível de dependência intermediário; 20%, avançado, como aqueles que estão acamados; e apenas 10% ainda têm independência. Alguns moram no local há cerca de 30 anos. “São poucos os que ainda mantêm vínculos familiares. Às vezes os parentes ficam meses sem aparecer, mesmo com a cobrança do serviço social”, lamentou. Há mais de 30 anos dedicando sua vida ao abrigo, Sandra avalia que essa é uma missão da sua família, iniciada pelo sogro, que era espírita. “Amo cuidar dos idosos.”
Palestra aborda como lidar com Alzheimer
O Abrigo Mãe Tereza recebe amanhã, às 10 horas, a primeira reunião de Alzheimer em São Caetano. O evento marca o início de série de palestras sobre o Alzheimer, doença neurodegenerativa progressiva, sem cura, que afeta cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo, 1,2 milhão no Brasil. O encontro tem como público-alvo familiar, cuidadores e todas as pessoas que lidam com os pacientes.
“Esse é um projeto muito bacana e necessário. As pessoas não sabem como lidar com quem tem a doença, é preciso muita paciência, porque exige muito do cuidador”, explicou a presidente do abrigo, Sandra Montanheiro.</CW>
A ideia é que uma vez por mês, sempre no último sábado, um profissional aborde temas relacionados à doença. Nesta primeira atividade, a palestra será ministrada pela médica Giulianna Forte, formada pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), com residência médica em geriatria pela Santa Casa de São Paulo e título de especialista pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia). O evento foi uma iniciativa da fisioterapeuta e mestre em ciências da saúde Claudia Gregório, coordenadora e integrante da diretoria da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer). “Nosso objetivo é trazer esclarecimento para as pessoas. Os casos de demência vêm avançando, e 80% deles são de Alzheimer”, afirmou.
O evento é gratuito e aberto a todos os interessados, com a contribuição de um quilo de alimento não perecível ou um litro de leite, que serão doados para o abrigo. O endereço é Rua Lourdes, 640, bairro Nova Gerty.
No domingo, às 10h, será realizada a 2ª Caminhada de Conscientização do Alzheimer. Com concentração na altura do número 2.300 da Avenida Kennedy, os participantes vão prosseguir até o chafariz. A atividade é apoiada pela Abraz. “É preciso falar sobre a doença, até para que as pessoas, as famílias, possam reconstruir e ressignificar as suas relações nessa nova situação”, declarou Claudia.
A fisioterapeuta lembrou que, quanto antes for feito o diagnóstico da doença, mais o tratamento poderá retardar o seu avanço. “Infelizmente, ainda não existe cura nem forma de contê-la, mas é possível melhorar e qualidade de vida do paciente”, finalizou a especialista.
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