Política Titulo Fundo partidário
Mudança na lei não mexe com volume de campanhas

Apesar do prazo curto, empreitadas se mantêm caras e com maiores fatias aos grandes partidos

Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
23/09/2018 | 07:00
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 Mesmo diante de discurso sobre equilibrar as forças no processo, as mudanças instituídas na legislação eleitoral não mexeram de maneira efetiva com o alto volume de receitas vinculadas às campanhas majoritárias. Apesar do prazo mais curto das empreitadas, as candidaturas à Presidência e ao governo de São Paulo neste pleito continuam milionárias – ainda faltam duas semanas para a data do primeiro turno – e com maiores fatias atreladas aos grandes partidos na disputa. Na maioria dos casos, tratam-se de recursos aplicados pelas direções nacionais e estaduais da legenda. Em outras situações, o cenário aparece com montante despendido do próprio bolso.

A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) ao Planalto entra na lista (confira arte acima) como a que mais recebeu dinheiro até o momento. Foram R$ 50,9 milhões, ao todo. Desta verba, R$ 50,7 milhões são advindos da direção nacional do tucanato, presidido pelo próprio Alckmin, quarto lugar no páreo, com 9%, de acordo com a última pesquisa divulgada pelo Datafolha – esses repasses têm ligação com fundo partidário. A empreitada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) angariava R$ 20,5 milhões. Com o indeferimento e, consequentemente, troca na cabeça de chapa, o nome de Fernando Haddad (PT) já amealhou mais R$ 15 milhões. Os valores direcionados ao projeto petista estão também diretamente relacionados ao comando da sigla no País.

Candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes teve até agora R$ 20,1 milhões, sendo que R$ 20 milhões foram liberados pela direção nacional da sigla. Já Marina Silva (Rede) registrou R$ 7,2 milhões. Deste total, R$ 6,1 milhões referem-se à direção da agremiação no País. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) autorizou os partidos a usarem o fundo partidário para bancar as empreitadas. O fundo é abastecido com recurso público, oriundo especialmente de verba da União, sendo 5% do montante dividido igualitariamente entre as partes e 95% proporcionalmente ao tamanho da bancada na Câmara. Para outubro, o valor aprovado pelo Congresso foi de R$ 888 milhões. Esse montante soma-se ao do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão, avalizado em Brasília no ano passado.

Henrique Meirelles (MDB), por sua vez, desembolsou R$ 45 milhões de suas finanças particulares à campanha. Sem estrutura partidária e com apenas oito deputados na Câmara, Jair Bolsonaro (PSL) levantou R$ 897,8 mil, englobando R$ 334,7 mil da direção nacional do PSL e R$ 541,9 mil de financiamento coletivo.

“O montante do fundo eleitoral utilizado pelos partidos, com certeza, irá beneficiar as maiores legendas da atualidade. PT, PSDB e MDB, por serem as siglas mais expressivas, terão acesso às maiores fatias. Houve ainda escolha para que o fundo fosse o maior possível, com mais dinheiro”, pontuou Eduardo Viveiros de Freitas, cientista político e pesquisador da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

No âmbito estadual, o atual governador Márcio França (PSB), embora terceiro colocado na concorrência, com 9%, segundo o último levantamento do Ibope, aparece no topo do rol entre as candidaturas que mais obteve recursos: R$ 13,2 milhões, sendo R$ 10,2 milhões da direção paulista da legenda, além de R$ 3 milhões do comando nacional do PR, que integra a aliança. Candidato do MDB, Paulo Skaf teve R$ 9,1 milhões. Desta quantia, R$ 8 milhões são da direção nacional. Aliás, o emedebista encampa a campanha majoritária que mais registra repasse do diretório ao lado de Roseana Sarney, pleiteante ao governo do Maranhão.

Postulante do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, João Doria angariou R$ 7,065 milhões no período. A direção nacional do tucanato aplicou R$ 4,8 milhões, e o comando nacional do DEM transferiu R$ 650 mil à empreitada do ex-prefeito da Capital. Dentro do PSDB, Doria só fica atrás de Alckmin. É o segundo na captação interna. José Eliton e Eduardo Leite, candidatos ao governo de Goiás e Rio Grande do Sul, respectivamente, têm R$ 3 milhões e R$ 2,5 milhões.

Ex-prefeito de São Bernardo e pleiteante ao Estado pelo PT, Luiz Marinho obteve R$ 3,33 milhões para a empreitada. Destes, R$ 3,32 milhões são advindos da direção nacional da sigla. Marinho, que já compôs chapa majoritária em São Paulo como vice de José Genoino em 2002, é o sexto do quadro interno, liderado por Haddad, tendo ainda, na sequência, Dilma Rousseff (candidata ao Senado por Minas Gerais, R$ 4 milhões) e outros três postulantes a governador: Fernando Pimentel (Minas Gerais, R$ 3,6 milhões), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte, R$ 3,3 milhões) e Marcia Tiburi (Rio de Janeiro, também R$ 3,3 milhões).




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