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Um hotel no Alto da Serra? O Estado diz não ...em 1917
Por Ademir Medici
10/07/2017 | 07:00
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 “Lembro bem quando eu e meus colegas almoçamos com o Washington Luís. (...) Depois de vistoriar as obras da Estrada Velha, fez questão de passar alguns minutos com a gente.”

Cf. Pascoal Scarano, 83 anos, em entrevista do Diário em junho de 1976, dentro da série

 

“A História dos Bairros”.

 

Há 100 anos, Washington Luís, prefeito de São Paulo, entrou em contato com o governo do Estado e propôs a instalação de um hotel no Alto da Serra do Mar, área de São Bernardo. Objetivo: intensificar o tráfego da nova Estrada do Mar, que passava por remodelação pelos esforços de um delegado de polícia, Arthur Rudge Ramos, hoje nome de bairro em São Bernardo</CW>.

Washington Luís entrou em tratativas com a Secretaria da Agricultura, à qual era afeta a matéria. O secretário Cândido Motta demonstrou forte objeção à ideia: o desbravamento dos terrenos de mata virgem no local poderia prejudicar as nascentes d’água que alimentavam o abastecimento de Santos.

Dois homens públicos da Velha República, com posições divergentes.

Washington Luís era um desbravador – hoje seria chamado de empreendedor. Seu lema: “governar era abrir estradas”. Cândido Motta, conservador, hoje seria chamado de guru dos movimentos ambientalistas.

O prefeito paulistano sonhava alto. E alinhavava argumentos:

1 – O governo do Estado, com um hotel-restaurante, aproveitaria os vastos terrenos de sua propriedade “naquele ponto da cordilheira”.

2 – O hotel ficaria no ponto mais pitoresco da Serra do Mar. Ofereceria ao turista todas as comodidades para uma estadia prolongada durante o verão.

3 – São Paulo criaria uma estação de repouso entre a Capital e o Litoral.

4 – Ao redor do hotel-restaurante haveria a formação de um núcleo de povoamento com plantio de certas especialidades de vegetais – a cultura favorecida pelo transporte rápido e barato.

Cândido Motta, candidamente, politicamente, não disse um não definitivo ao prefeito. Adiantou que mandaria proceder aos estudos. Mas lembrava que, anteriormente, sua Pasta indeferira requerimento de Victor Lucci e Américo Martins, particulares, cada qual pedindo autorização para construir um hotel naquele mesmo ponto, em terrenos do Estado.

 

O TEMPO PASSA...

1 – De prefeito de São Paulo, Washington Luís chega ao governo do Estado e à Presidência da República, com condições de implementar a sua ideia e o seu projeto.

2 – Arthur Rudge Ramos conclui, com êxito, a restauração do Caminho do Mar, também chamado de Estrada do Vergueiro, cortando áreas urbanas e rurais de São Bernardo.

3 – Washington Luís, por ocasião do centenário da Independência, em 1922, pavimenta o Caminho do Mar no trecho da Serra e instala, de ponto em ponto, os vários monumentos de pedra, até hoje existentes – patrimônio maior em território de São Bernardo e Cubatão.

4 – Naquelas obras, mantendo o seu lema de abrir estradas, o agora presidente-governador paulista dava uma força a um novo meio de transporte, o automóvel – que necessitava dos vários pontos de parada para “refrescar o motor”.

5 – Mas o certo é que o hotel-restaurante pensado no ponto mais pitoresco da “Cordilheira do Mar” não sairia do papel, pelo menos na República Velha.

6 – A formação da Represa Billings aproveitaria a formidável reserva hídrica das nascentes que abasteciam a Baixada Santista.

 

HOJE

A Lei de Proteção aos Mananciais veio em 1976. Cantada em prosa e verso, esta legislação não impediu a ocupação desenfreada da Serra do Mar. Nem a continuidade da poluição da represa. Apenas amenizou. Tanto que se fala em reformulá-la.

Projetos como o Parque Metropolitano Sul e Parque Industrial dos Imigrantes sofreram uma recaída. Impediu-se um projeto ferroviário, mas o Rodoanel encontrou uma forma de dar sequência a obras consolidadas como a Via Anchieta e Rodovia dos Imigrantes.

Washington Luís ficaria feliz, Cândido Motta decepcionado. Hoje não faltam na Estrada Velha do Mar, nos seus quilômetros iniciais, restaurantes e outros equipamentos do gênero. Bom? Ruim?

 

Diário há 30 anos

Sexta-feira, 10 de julho de 1987 – ano 30, edição 6490

MANCHETE – Bresser (ministro da Fazenda) entrega novo plano econômico a Sarney (presidente da República). A meta é fazer o País crescer 5% em 87 e limitar os investimentos das estatais em 4%.

HABITAÇÃO – Cohab (empresa estatal) acusada de entrar em terreno de particulares na Avenida Almirante Delamare, no limite entre São Caetano e São Paulo.

SAÚDE – Associação Paulista de Medicina rejeita paralisação dos médicos de convênios.

TRABALHO – Eleva-se a 31 mil operários em férias no Grande ABC, somente nos ramos metalúrgico e químico. Objetivo: escoar estoques. Não havia garantia de manutenção dos empregos.

POLÍCIA – Funcionário público da Prefeitura de São Bernardo, Elias Roberto de Oliveira, ajudante-geral, emboscado e morto no Jardim Nascimento.

 

Em 10 de julho de...

1917 – São Paulo para com a morte do jovem anarquista espanhol José Martinez, na porta da fábrica Mariângela, no Brás. Dias depois a cidade viveria sua maior greve de trabalhadores até então, a famosa greve de 1917.

A guerra. Do noticiário do Estadão: a eficiência do Exército brasileiro; convocação de uma comissão mista parlamentar; senador Ruy Barbosa será o presidente.

 

Hoje

Dia da Pizza

Dia Mundial da Lei

Dia da Saúde Ocular

 

Santos do Dia

Felicidade foi martirizada em Roma durante o reinado de Marco Aurélio, depois de ter animado e exortado ao martírio seus sete filhos: Januário, Félix, Filipe, Silvano, Alexandre, Vital e Marcial. Corria o século II da era cristã.

Verônica Giuliana

Bem-aventurados Francisco, Abdul-Muti e Rafael Massabki

 

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários em 11 de julho:

Em São Paulo, Andradina

No Maranhão, Brejo e Turiaçu

No Rio de Janeiro, Mendes

No Ceará, Missão Velha

Na Bahia, Piatã

No Paraná, Santa Maria do Oeste

Fonte: IBGE




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