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Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Desvendando a economia
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Desvendando a Economia
Vacina e suposta corrupção
Natasha Jaccoud
18/07/2021 | 22:45
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O 17 de janeiro de 2021 trouxe esperança aos brasileiros, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso emergencial das vacinas Coronavac e Covishield no Brasil. A vacinação em massa é a única forma de sairmos da pandemia e voltarmos ao normal social e econômico.

Já conseguimos ver os resultados da imunização no País na forma de queda na média geral de mortes por Covid-19, no número de internações e óbitos em baixa, principalmente no grupo de idosos, que desacelerou nos últimos meses. Antes do início do plano de imunização, 80% das mortes por Covid eram de idosos; hoje, a maioria dos óbitos por Covid é de pessoas com menos de 60 anos, reflexo de os mais velhos terem sido os primeiros a se vacinarem. Especialistas chamam de ‘rejuvenescimento da pandemia’.

Os resultados das vacinas são incontestáveis e de qualquer imunizante aprovado pela Anvisa. Vale lembrar que vacina boa é vacina no braço; portanto, não se deve escolher, pois todas são seguras e eficazes. Foi o que motivou o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, a mandar para o fim da fila pessoas que se recusarem a tomar a vacina que estiver disponível, decisão apoiada por grande parte da população. Em seguida, outros prefeitos adotaram o mesmo protocolo, visto que a atitude dessas pessoas atrapalha o andamento do plano de imunização das cidades.

Diante de períodos atípicos como este que vivemos, precisamos contar ainda mais com a responsabilidade das autoridades na condução da crise sanitária para que os impactos social e econômicos sejam os menores possíveis. É preciso ética, transparência e agilidade. Com cerca de 540 mil vítimas da Covid, o que mais se tem falado é sobre o desempenho da vacinação no País, que salva vidas.

Brasil vacina muito ou pouco?
No ranking global, o Brasil aparece em quarto lugar como país que mais vacina no mundo, atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. Mas é um resultado esperado, visto que o Brasil é o sexto país mais populoso do mundo, por isso, uma métrica mais segura é a relação de vacinados a cada grupo de 100 habitantes.

Por essa métrica, o Brasil cai para a 67ª posição em um ranking de 190 países. Entre os países do G-20 (as 20 maiores economias), o Brasil está em décimo lugar, vacinando 53 pessoas a cada grupo de 100 habitantes. O Reino Unido está na liderança desse ranking, vacinando 118 pessoas a cada 100 habitantes (ou seja, sobra vacinas), na segunda posição está o Canadá, 111 pessoas a cada 100 habitantes, seguido pelos Estados Unidos, 99 pessoas a cada 100 habitantes.

Esse lento processo de imunização no Brasil poderia ter sido diferente se o governo ainda em 2020 tivesse comprado vacinas antecipadamente, como fizeram Chile e Colômbia, por exemplo. Quando fabricantes anunciaram que estavam desenvolvendo os imunizantes, vários países negociaram a compra mesmo que ainda na fase de testes, que poderia dar errado, mas garantiria o acesso às doses. Como resultado, hoje o Chile tem três doses de vacinas para cada habitante.

Superfaturamento
Além de o governo não ter se antecipado na compra das vacinas, há suspeitas de contratos superfaturados, conforme uma das linhas de investigação na CPI da Covid.

Um suspeito contrato de compra de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca entre Ministério da Saúde e a empresa canadense Davati Medical Supply, que inclusive está sob investigação das autoridades canadenses também, foi denunciado pelo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti Pereira – que se diz representante da empresa canadense no Brasil e alega ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Seriam, portanto, US$ 400 milhões em propina pela autorização do negócio.

Outro imunizante sob investigação da CPI é a indiana Covaxin. Vale ressaltar que as autoridades suspenderam a compra dessa vacina quando já suspeitaram do contrato.

A CPI da Covid quer entender por que o governo federal priorizou tanto essa vacina e pressionou a Anvisa a aprovar seu uso emergencial, sendo que já havia outras vacinas disponíveis e liberadas pela agência sanitária. O fechamento do contrato da Covaxin foi o mais rápido de todos, levou apenas 97 dias (enquanto o da Pfizer demandou 330 dias), foi a vacina com preço por dose mais alto e houve tentativa de pagamento antecipado que não constava no contrato. Sem falar que a aquisição do imunizante foi a única que precisou de uma empresa intermediadora, a Precisa Medicamentos.

A CPI da Covid segue investigando as suspeitas sem ainda ter um desfecho dos casos.
 




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