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WorldCom pede concordata
Das Agências
22/07/2002 | 01:04
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A WorldCom, afogada em dívidas e em um escândalo de contabilidade que levou suas ações a uma forte baixa, declarou-se oficialmente em concordata neste domingo, nesta que já é reconhecida como a maior quebra empresarial da história americana. A WorldCom, segunda maior operadora de telefonia de longa distância dos Estados Unidos, é controladora no Brasil da Embratel.

Às 20h55 locais (21h55 de Brasília), a empresa com sede em Clinton (Mississippi), recorreu ao Capítulo 11 da Lei de Concordatas no tribunal federal do Distrito do Sul de Nova York, o que lhe permitirá continuar com as operações até chegar a um acordo com os credores.

"Nosso objetivo principal é desenvolver a empresa da melhor maneira possível e com uma alta exigência ética, de forma que a WorldCom possa continuar como um player importante de nossa economia", declarou o presidente do grupo, John Sidgmore, em um comunicado divulgado na noite de domingo.

O capítulo 11 da Lei de Concordatas estabelece medidas legais de proteção, evitando que os credores entrem na justiça contra a empresa até que seja estabelecido um acordo sobre como a dívida será paga.

A quebra excederá facilmente a declarada pela gigante da energia Enron no mês de dezembro, porque enquanto a WorldCom tem US$ 107 bilhões em ativos declarados, a Enron só tinha US$ 63,4 bilhões quando recorreu à Lei de Concordatas.

Nos documentos judiciais, a WorldCom declarou ativos de US$ 107 bilhões contra dívidas superiores a US$ 41 bilhões.

A WorldCom revelou no fim de junho, após uma auditoria interna solicitada pela nova direção, a maior fraude contábil da história americana, com US$ 3,85 bilhões de gastos correntes contabilizados como investimentos durante cinco trimestres. Essa manipulação permitiu à WorldCom declarar lucros nesse período ao invés de perdas.

Se a WorldCom tivesse realizado uma contabilidade honesta, teria reportado perdas líquidas para 2001 e o primeiro trimestre de 2002, mas reclamou lucros de US$ 1,4 bilhão em 2001 e US$ 130 milhões no primeiro trimestre de 2002.

A empresa vai cuidar agora de reestruturar sua dívida de US$ 32,8 bilhões, segundo informou Sidgmore a um jornal americano. A WorldCom deve sair de negócios que não são sua especialidade e concentrando-se em operações-chave. O presidente da companhia advertiu que a sobrevivência da empresa é um assunto de "segurança nacional", porque "tem um papel importante na infra-estrutura das telecomunicações dos Estados Unidos", com 20 milhões de clientes, além de ser o maior provedor de Internet do país.

O efeito cascata do desastre da WorldCom "pode pôr outras empresas de teleocomunicações em perigo" por uma eventual recessão no segmento, escreveu o próprio Sidgmore em um artigo no começo de julho.

A corporação saiu do anonimato e alçou-se ao cenário mundial das telecomunicações em 1997, ao adquirir a MCI por US$ 37 bilhões, um valor recorde. Foi uma das maiores histórias de sucesso empresarial dos anos 90.

Os problemas começaram em abril, com a renúncia do então presidente Bernie Ebbers, em um momento em que a corporação se afundava em dívidas e enfrentava uma investigação federal nas suas contas. Desde então, funcionários federais investigavam as práticas contábeis da empresa.

A SEC analisou acusações de fraude contra a empresa no mês de junho, um dia depois de a WorldCom anunciar suas manipulações contábeis. As notícias levaram o preço das ações da empresa a uma forte baixa, atingindo um valor de até seis centavos de dólar, e tiveram que ser removidas do índice Nasdaq.




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