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Governador gaúcho comenta protestos contra os 500 Anos
Do Diário do Grande ABC
24/04/2000 | 16:23
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O governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, viu "com respeito" as manifestaçoes de sábado feitas por dezenas de jovens, muitos levando bandeiras do PT, PC do B e PSTU, e que destruíram o relógio comemorativo dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, instalado pela Rede Globo de Televisao junto à Usina do Gasômetro, na capital gaúcha.

"Vi as imagens e tenho o respeito às manifestaçoes de todos os que querem dizer de sua inconformidade com a situaçao do Brasil, no ano em que comemoramos de 500 anos de chegada aqui dos europeus. O que aconteceu aqui nao foi diferente do que aconteceu em vários locais pelo Brasil afora", disse o governador petista.

As depredaçoes do relógio, que começaram na madrugada de sábado, com o ataque de mais de 100 pessoas, foram suspensas com a chegada da Brigada Militar e reiniciadas duas vezes ainda no sábado: perto do meio-dia, estudantes, militantes políticos e punks começaram a jogar pedras no equipamento, apressando o fim da festa promovida pela RBS TV, afiliada da TV Globo, e que reunia mais de 800 gaiteiros de todo o Estado.

Por volta das 17h de sábado, os ataques voltaram bem mais fortes, com bombas Molotov jogadas contra o relógio, provocando sucessivos incêndios, além de pedradas, pauladas e pontapés contra o monumento. Cerca de 15 soldados a cavalo tentaram reprimir a manifestaçao, mas depois se retiraram, permitindo a destruiçao final do relógio, do qual só restou o esqueleto.

O secretário de Cidadania e Açao Social, Tarcísio Zimmermann, que representava o governador Olívio Dutra numa cerimônia no mesmo local, contrária às festividades dos 500 anos, explicou que, quando chegou, o relógio "estava praticamente destruído". Por isso pediu que os soldados se retirassem para "evitar maiores tragédias", já que até àquela hora cinco pessoas tinham ficado feridas e três outras detidas, com abertura de inquérito policial na 1ª DP.

Mas, devido à saída dos PMs, ficou mais fácil a açao dos vândalos, que terminaram por destruir o relógio e chegaram a dançar em sua volta, como se fosse uma dança indígena, enquanto o equipamento pegava fogo.

O secretário de Segurança, José Bisol, confessou sua "tristeza" com os episódios, enquanto o comandante geral da Brigada Militar, coronel Roberto Ludwig, lamentou o ocorrido e disse que nao se pode admitir danos ao patrimônio, público ou privado. Mas o presidente da Associaçao dos Cabos e Soldados, Pedro Moraes, disse que os PMs estao limitados na sua atuaçao, seja na repressao às invasoes de terra, seja em outras manifestaçoes.

"A Brigada Militar (BM) quer trabalhar, como fez nos seus mais de 160 anos de existência. Mas na baderna na frente do relógio, houve inversao de valores e da lei. Há uma orientaçao superior de a BM ficar à distância e nao agir nas manifestaçoes sociais. Mas o que houve lá foi crime que deveria ter sido reprimido", reclamou Pedro Moraes.




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